Uma entrevista explosiva do lendário ciclista belga Roger De Vlaeminck está sacudindo o mundo do ciclismo. O quatro vezes campeão da Paris-Roubaix, conhecido como “O Cigano”, não poupou críticas aos grandes nomes do pelotão atual, incluindo Tadej Pogačar, Remco Evenepoel e Mathieu van der Poel.
A Polêmica Comparação com Eddy Merckx
Aos 78 anos, De Vlaeminck demonstrou todo seu temperamento característico ao ser questionado sobre a comparação entre Pogačar e Eddy Merckx. “Pogačar não chega aos pés de Merckx!”, disparou o belga em entrevista ao jornal Het Laatste Nieuws.

Segundo De Vlaeminck, jornalistas que ousam fazer essa comparação simplesmente não entendem nada do esporte. Para ele, é absurda qualquer tentativa de equiparar o tetracampeão do Tour de France ao lendário Canibal.
O Debate Sobre o Maior de Todos os Tempos
É verdade que o debate sobre o GOAT (Greatest of All Time) do ciclismo tem ganhado força nos últimos dois anos. Pogačar, aos 27 anos, vem colecionando vitórias a um ritmo impressionante e está a apenas uma vitória no Tour de France de igualar as cinco conquistas de Merckx.
O esloveno já conquistou sua terceira camisa arco-íris de campeão mundial, igualando Merckx nesse quesito. Sua mais recente vitória na Il Lombardia o colocou como o terceiro ciclista com mais vitórias em monumentos do ciclismo, com 10 triunfos no total.
Contudo, ainda há um longo caminho até alcançar as 19 vitórias de Merckx em clássicas monumentais. E De Vlaeminck, com suas 11 conquistas em monumentos, pode ser ultrapassado já na próxima primavera europeia.
O Desafio Imaginário de De Vlaeminck
Apesar de Pogačar estar se aproximando de seu lugar nos livros de história, De Vlaeminck mantém total confiança em suas capacidades. “Deixem-me ter 22 anos hoje e pedalar no pelotão com Pogačar, e ele não vai me largar”, afirmou o belga com convicção.
Ele questionou especificamente a recente vitória do esloveno sobre Remco Evenepoel na Lombardia: “Onde foi isso? Na Lombardia. Em uma subida que nem é difícil. Tão bom quanto Merckx… Vamos lá, gente.”
Van der Poel Também na Mira das Críticas
Mathieu van der Poel, que busca seu quarto título na Paris-Roubaix em abril, também não escapou das farpas do lendário belga. Apesar de admitir gostar do holandês, De Vlaeminck não poupou críticas:
“Ele é um grande ciclista. Mas não consegue fazer contrarrelógio, não consegue escalar, não consegue esprintar… não sobra muita coisa, sobra?” provocou, antes de se gabar: “Eu ganhei etapas de montanha, contrarrelógios, conseguia esprintar, ah meu Deus…”
A declaração lembra a famosa frase de George Best sobre David Beckham: “Ele não chuta com o pé esquerdo, não cabeceia, não marca e não faz muitos gols. Fora isso, está tudo bem.”
Remco Evenepoel: Arrogante Demais?
O tricampeão mundial de contrarrelógio Remco Evenepoel também entrou na lista de críticas. De Vlaeminck reconheceu suas qualidades: “Ele não é meu tipo. Um bom ciclista, sabe. Um excelente contrarrelogista.”
Mas foi além: “Mas, não sei… Acho ele um pouco arrogante às vezes. Cruzar a linha de chegada e levantar a bicicleta no ar… isso é necessário? Apenas cruze a linha e vença, certo? Eu levantava a mão naquela época.”
O belga sugeriu que até Eddy Merckx deveria ter uma conversa séria com o jovem ciclista sobre seu comportamento, ressaltando seu imenso respeito pelo Canibal.
A Personalidade Controversa de De Vlaeminck
Quando questionado se o incomodava que algumas pessoas no mundo do ciclismo não apreciam suas opiniões sinceras e “língua afiada”, De Vlaeminck foi categórico:
“Mais antes do que agora. Eu pensava: ‘Deveria ter dito dessa forma?’ Mas então, novamente, é quem você é, certo? E se há pessoas que não querem mais me cumprimentar ou falar comigo… Eu não preciso viver com elas, preciso?”
Conhecido como “Sr. Paris-Roubaix”, De Vlaeminck foi um dos maiores especialistas em clássicas de um dia durante a década de 1970, sendo o principal rival de Merckx nessas provas. Sua carreira impressionante inclui:
- 4 vitórias na Paris-Roubaix (recorde igualado apenas por Tom Boonen)
- 3 títulos na Milano-Sanremo
- 2 conquistas na Il Lombardia
- 1 vitória no Tour de Flandres
- 1 triunfo na Liège-Bastogne-Liège
O Legado dos Anos de Ouro
As declarações de De Vlaeminck refletem uma tendência comum entre lendas aposentadas de diversos esportes: a dificuldade em aceitar que a nova geração possa eventualmente superar seus feitos históricos.
No entanto, é importante contextualizar que De Vlaeminck competiu em uma era completamente diferente do ciclismo moderno. Os desafios, a tecnologia, a nutrição esportiva, os métodos de treinamento e até mesmo o nível competitivo eram significativamente distintos.
Pogačar, por sua vez, continua sua marcha implacável rumo à história do ciclismo, potencialmente pronto para quebrar recordes que pareciam intocáveis. A próxima temporada promete ser crucial para determinar se o esloveno conseguirá se firmar definitivamente como um dos maiores de todos os tempos.
O debate está longe de terminar, e as opiniões controvertidas de veteranos como De Vlaeminck apenas adicionam mais combustível a essa discussão apaixonante que divide gerações de fãs do ciclismo.

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