No cenário do ciclismo, onde a estratégia e a resistência se entrelaçam, Tadej Pogacar, o ciclista da Emirates-XRG, protagonizou um feito que surpreendeu até a si mesmo.
Na etapa de abertura do Criterium du Dauphine, um dia que parecia talhado para os velocistas puros, Pogacar fez o que sabe de melhor: vencer. E o fez de uma forma que ninguém esperava, nem mesmo ele.
Com apenas 6 km restantes para a linha de chegada, Pogacar se viu em uma fuga estelar, ladeado por nomes de peso como Jonas Vingegaard (Visma Lease a Bike) e Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck). Em um sprint de tirar o fôlego, ele superou seus rivais, garantindo não apenas a vitória na etapa, mas também a primeira camisa amarela da competição. Foi um início de campanha avassalador, que já dava o tom do que seria o restante da prova.
Este dia foi marcado por performances atípicas, e o sprint final de Pogacar foi a cereja do bolo, surpreendendo até mesmo o campeão inveterado, que sabe que esta é apenas a largada de uma longa jornada de oito etapas. Em suas próprias palavras, ele expressou a satisfação, mas com a consciência de que o verdadeiro desafio ainda estava por vir.
“É claro que é bom, mas o verdadeiro teste virá no final de semana”, disse Pogacar. Ele confessou que a vitória foi totalmente inesperada: “Eu não estava [esperando]. Estava todo preparado para voltar para o ônibus bem rápido depois da chegada, tomar um banho no ônibus, sentar confortavelmente e aproveitar o resto do dia. Mas não me importo de estar aqui também”, acrescentou, com um toque de humor que revela a leveza de um campeão.
A vitória do esloveno foi fruto de uma fuga orquestrada por Vingegaard. Após atingir o topo da Côte de Buffon, que havia diminuído o ritmo do pelotão, Vingegaard, de forma incomum, atacou, e Van der Poel e Pogacar o seguiram. Santiago Buitrago (Bahrain Victorious) e Remco Evenepoel (Soudal–Quick-Step) conseguiram se juntar ao grupo, garantindo que não perderiam a chance de fazer parte dessa fuga de estrelas.
Pogacar descreveu a intensidade do momento: “Segui os movimentos na parte íngreme da subida, e então a Visma estava claramente buscando a vitória da etapa. Eles estavam tentando, com todos, atacar do topo. E aquele foi doloroso.” A dor, no entanto, foi superada pela determinação e pela força de suas pernas. “E, felizmente, eu tinha boas pernas e cobri todos os ataques. E então, até mesmo Jonas, para a última, para a cereja do bolo, ele atacou.”
Com cerca de 2 km para o fim, a mente de Pogacar começou a se voltar mais para o sprint do que para a classificação geral. Ele sabia que Van der Poel era o mais rápido do grupo, mas a imprevisibilidade do ciclismo sempre reserva surpresas. “Mas depois de uma chegada como esta, você não pode descartar o resto, eles também podem ser rápidos depois de um dia difícil.”
Assim que o grupo de cinco ciclistas atingiu a flamme rouge (último quilômetro), Van der Poel lançou seu ataque, buscando superar Pogacar e Vingegaard, que se mantiveram em sua roda. Foi um teste de nervos para todos, e para Van der Poel, que retornava de uma lesão no punho, também um teste de condição física. Mas foi Pogacar quem, com maestria, contornou o ex-campeão mundial para conquistar a vitória na primeira etapa.
“É uma vitória de etapa. Posso ir para casa do Dauphiné feliz, mas sim, ainda quero ver como estará a forma no contrarrelógio e nas etapas de montanha. Não posso dizer que, depois de hoje, a forma está incrível”, disse Pogacar, demonstrando a humildade de um atleta que busca a perfeição, mesmo após uma vitória expressiva.
Vingegaard, por sua vez, também expressou satisfação com seu desempenho: “Tive um bom dia, para ser honesto. Estou feliz com o que aconteceu hoje. Feliz por ter conseguido fazer a diferença. Então sim, acho que é a primeira vez que termino em segundo em um sprint em grupo. Então estou feliz.”
Este sprint, repleto de grandes nomes, foi um prenúncio da competitividade que marcará o Criterium du Dauphine deste ano, à medida que os ciclistas se preparam para a segunda etapa. A etapa 2 levará os ciclistas para o sul, partindo do subúrbio de Prémilhat, atravessando um terreno montanhoso com seis subidas categorizadas, culminando após 204,6 km em Issoire.
Resultados da 1ª Etapa do Critérium du Dauphiné
Classificação da Etapa:
Posição | Ciclista | Equipe | Tempo |
---|---|---|---|
1º | Tadej Pogacar (ESL) | UAE | 4h 40:12 |
2º | Jonas Vingegaard (DIN) | Visma | m.t. |
3º | Mathieu van der Poel (HOL) | Alpecin | m.t. |
4º | Remco Evenepoel (BÉL) | Soudal | m.t. |
32º | Enric Mas | Movistar | m.t. |
Classificação Geral:
Posição | Ciclista | Equipe | Tempo/Diferença |
---|---|---|---|
1º | Tadej Pogacar (ESL) | UAE | 4h 40:12 |
2º | Jonas Vingegaard (DIN) | Visma | a 4 |
3º | Mathieu van der Poel (HOL) | Alpecin | 6 |
4º | Nils Politt (ALE) | UAE | 9 |
5º | Remco Evenepoel (BÉL) | Soudal | 10 |
32º | Enric Mas | Movistar | m.t. |