O mundo do paraciclismo está de luto. Paige Greco, a ciclista paralímpica australiana que conquistou o coração de milhões com sua determinação e talento, faleceu aos 28 anos após um episódio médico repentino em sua residência em Adelaide, no sul da Austrália. A notícia foi confirmada pela AusCycling, federação nacional de ciclismo do país, deixando a comunidade esportiva mundial consternada.
Uma Atleta que Desafiou Todas as Expectativas
Nascida com paralisia cerebral que afetava principalmente o lado direito de seu corpo, Paige recebeu diagnósticos médicos que sugeriam limitações severas para atividades físicas. Médicos chegaram a indicar aos pais que ela poderia ter dificuldades com exercícios físicos ao longo da vida. No entanto, movida por um amor profundo pela competição e pela vontade de alcançar o mais alto nível esportivo, ela transformou o impossível em realidade.
Classificada como ciclista C3 no paraciclismo, Paige começou sua jornada esportiva no atletismo antes de migrar para o ciclismo em 2017. A mudança de modalidade provou ser transformadora, revelando um talento excepcional que a levaria aos pódios mais importantes do esporte paralímpico mundial.
Tóquio 2020: O Momento de Glória Histórico
Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 marcaram o auge da carreira de Paige Greco. Ela entrou para a história ao conquistar a primeira medalha de ouro da Austrália naqueles jogos, quebrando o recorde mundial na prova de perseguição individual de 3.000 metros na categoria C1-3 com o tempo extraordinário de 3:50.815.

Mas sua performance em Tóquio foi além do ouro. Paige também conquistou duas medalhas de bronze nas provas de ciclismo de estrada: contrarrelógio e prova de rota. As condições desafiadoras, incluindo chuva intensa no circuito de Fuji Speedway, não abalaram sua determinação. Sua versatilidade tanto na pista quanto na estrada consolidou seu status como uma das competidoras mais completas do paraciclismo internacional.
Uma Ascensão Meteórica no Paraciclismo Mundial
A trajetória de Paige no ciclismo adaptado foi marcada por uma progressão impressionante. Em 2018, ela se mudou de Victoria para o Instituto do Deporte da Austrália do Sul, onde seria treinada por Loz Shaw. Essa decisão estratégica permitiu que ela conciliasse sua preparação esportiva com seus estudos, concluindo um curso em ciências do esporte pela Universidade da Austrália do Sul.
Seu debut internacional em 2019 foi simplesmente fenomenal. No Campeonato Mundial de Paraciclismo de Pista em Apeldoorn, Holanda, Paige estabeleceu três recordes mundiais em apenas dois dias. Conquistou medalhas de ouro no contrarrelógio de 500m C3 e na perseguição individual de 3km C3, além de prata na prova scratch. Sua marca de 4 minutos e 0.206 segundos na perseguição quebrou o recorde anterior por três segundos completos.
Mais tarde naquele mesmo ano, Paige brilhou também nas provas de estrada, vencendo o campeonato mundial de contrarrelógio C3 e terminando em quinto lugar na prova de rota. Em 2020, defendeu com sucesso seu título mundial na perseguição individual C3 em Milton, Canadá, consolidando sua dominância na modalidade.
Superação e Resiliência: O Caminho até Paris 2024
A jornada de Paige não foi isenta de desafios. Em 2023, ela sofreu lesões graves em um acidente durante uma Copa do Mundo de Estrada em Maniago, Itália. As consequências físicas a impossibilitaram de se classificar para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, um golpe devastador para qualquer atleta de elite.
No entanto, demonstrando a resiliência que a caracterizava, Paige não desistiu. Trabalhou arduamente em sua recuperação e retornou às competições em 2025. Sua volta triunfal incluiu conquistas de duas medalhas de bronze – uma na Copa do Mundo e outra no Campeonato Mundial de Estrada, ambos disputados na Bélgica em agosto deste ano. Na prova de rota do Mundial em Ronse, ela garantiu o bronze na categoria C3, e terminou em quinto lugar no contrarrelógio.
Esses resultados provaram que, mesmo após superar lesões sérias e a decepção de ficar fora de Paris, Paige mantinha o nível de excelência que a tornou campeã. Seu retorno ao pódio mundial demonstrava que ainda tinha muito a oferecer ao esporte.
Reconhecimento Nacional: A Ordem da Austrália
Em reconhecimento a suas conquistas extraordinárias, Paige Greco foi condecorada em 2022 com a Medalha da Ordem da Austrália (OAM) por seus serviços ao desporto. Esta honraria nacional refletia não apenas suas vitórias, mas também o impacto inspirador que teve sobre a comunidade esportiva e sobre pessoas com deficiência em toda a Austrália.
Paige será eternamente lembrada como a Paralímpica Australiana nº 1070, uma designação que carrega o peso de sua contribuição histórica ao movimento paralímpico do país.
O Tributo da Família: “Ela Significava Tudo”
Natalie Greco, mãe de Paige, emitiu um comunicado emocionante através da AusCycling expressando a dor devastadora da perda: “Paige significava tudo para nós. Sua bondade, determinação e carinho tocavam nossa família todos os dias. Ela trouxe tanta alegria e orgulho para nossas vidas, e a dor de sua partida é algo que carregaremos para sempre”.
A família destacou o imenso orgulho que sente pela pessoa que Paige foi e pela maneira exemplar como representou a Austrália no cenário internacional. Agradeceram as inúmeras manifestações de apoio recebidas, enfatizando que Paige valorizava profundamente as conexões que construiu através do esporte.
A família pediu privacidade, tempo e espaço para processar essa perda avassaladora, enquanto o mundo do ciclismo se une em luto e homenagem.
Homenagens do Mundo do Ciclismo
As reações à morte de Paige foram imediatas e unânimes em expressar choque e tristeza profunda.
Marne Fechner, diretora-executiva da AusCycling, descreveu a atleta como extraordinária e inspiradora: “Paige foi uma atleta extraordinária que alcançou realizações notáveis nos mais altos níveis de nosso esporte. Muito além de seus feitos esportivos, ela impactou todos ao seu redor com seu espírito positivo e visão corajosa da vida. Estamos com o coração partido por esta notícia trágica”.
Cameron Murray, CEO do Comitê Paralímpico Australiano, também prestou homenagem: “Suas conquistas foram notáveis, mas sua bondade e determinação silenciosa é o que permanecerá em nossa memória. Ela tinha uma rara capacidade de fazer todos se sentirem incluídos e apoiados. Estendemos nossas mais profundas condolências aos entes queridos de Paige e àqueles que estiveram mais próximos dela”.
Tanto a AusCycling quanto o Paralympics Australia indicaram que oferecerão apoio à família e que honrarão adequadamente o legado esportivo e humano da ciclista nos próximos dias.
Um Legado Imortal de Inspiração
O impacto de Paige Greco transcende largamente suas medalhas e recordes. Ela representou a essência do espírito paralímpico: determinação inquebrantável, coragem para desafiar limitações e a capacidade de inspirar milhões através do exemplo pessoal.
Para pessoas com deficiência ao redor do mundo, Paige provou que diagnósticos médicos não definem limites, que sonhos aparentemente impossíveis podem ser alcançados com trabalho árduo, e que a excelência não conhece barreiras físicas.
Seu legado continuará vivo em cada jovem atleta com deficiência que sonha em competir no mais alto nível, em cada pessoa que se recusa a aceitar limitações impostas, e em cada competidor que entra em uma pista de ciclismo carregando a determinação que Paige personificava.
A comunidade do paraciclismo perdeu uma de suas maiores estrelas, mas ganhou uma inspiração eterna. Paige Greco será para sempre lembrada não apenas como campeã olímpica e mundial, mas como um exemplo luminoso de que o espírito humano pode superar qualquer obstáculo.
Descanse em paz, Paige. Seu legado continuará inspirando gerações.
Perguntas Frequentes sobre Paige Greco
1. Quem foi Paige Greco?
Paige Greco foi uma ciclista paralímpica australiana nascida em 19 de fevereiro de 1997. Campeã olímpica e mundial, ela conquistou a primeira medalha de ouro da Austrália nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, estabelecendo recorde mundial na perseguição individual de 3.000 metros na categoria C1-3. Nasceu com paralisia cerebral e tornou-se uma das maiores referências do paraciclismo mundial.
2. Quando e como Paige Greco faleceu?
Paige Greco faleceu em 16 de novembro de 2025, aos 28 anos, após sofrer um episódio médico repentino em sua residência em Adelaide, Austrália do Sul. A família confirmou o falecimento através da AusCycling, federação nacional de ciclismo da Austrália.
3. Quais foram as principais conquistas de Paige Greco?
Entre suas principais conquistas estão: medalha de ouro e duas de bronze nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020; múltiplos títulos mundiais de paraciclismo em pista e estrada; recordista mundial na perseguição individual C3; e condecorada com a Medalha da Ordem da Austrália em 2022. Em 2025, conquistou bronze tanto na Copa do Mundo quanto no Campeonato Mundial de Estrada na Bélgica.
4. Qual era a classificação de Paige Greco no paraciclismo?
Paige Greco era classificada como ciclista C3 no paraciclismo. Esta categoria agrupa atletas com diferentes graus de comprometimento físico que afetam principalmente os membros inferiores ou um lado do corpo, como era o caso dela com paralisia cerebral afetando principalmente o lado direito.
5. Quando Paige Greco começou no ciclismo?
Paige começou sua trajetória esportiva no atletismo, tentando se classificar para os Jogos Paralímpicos do Rio 2016, mas não conseguiu. Após essa experiência, em 2017 ela migrou para o ciclismo. Em 2018, mudou-se para Adelaide e ingressou no Instituto do Deporte da Austrália do Sul, onde sua carreira no ciclismo decolou rapidamente.
6. Paige Greco participou dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024?
Não. Paige Greco perdeu a classificação para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 devido a problemas de saúde resultantes de lesões graves sofridas em um acidente durante uma Copa do Mundo de Estrada em Maniago, Itália, em 2023. No entanto, ela se recuperou e retornou às competições em 2025, conquistando medalhas de bronze.
7. Quantos recordes mundiais Paige Greco estabeleceu?
Paige Greco estabeleceu múltiplos recordes mundiais ao longo de sua carreira. Seu debut internacional em 2019 foi extraordinário, quebrando três recordes mundiais em apenas dois dias no Campeonato Mundial de Pista em Apeldoorn. Seu recorde mais famoso foi o tempo de 3:50.815 na perseguição individual de 3.000 metros conquistado nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.
8. Qual foi a formação acadêmica de Paige Greco?
Paige Greco completou um curso superior em Ciências do Esporte (Exercise Science Degree) pela Universidade da Austrália do Sul. Ela conseguiu conciliar sua preparação esportiva de alto nível com seus estudos acadêmicos durante seu tempo no Instituto do Deporte da Austrália do Sul.
9. Como a família de Paige Greco se pronunciou sobre sua morte?
Natalie Greco, mãe de Paige, declarou que a família está devastada com a perda. Ela enfatizou que Paige significava tudo para eles, destacando sua bondade, determinação e carinho. A família expressou orgulho imenso pela pessoa que Paige foi e pela forma exemplar como representou a Austrália, pedindo privacidade para processar o luto.
10. Qual foi o impacto de Paige Greco no paraciclismo australiano?
Paige Greco foi uma das paraciclistasmore accomplished da Austrália, tendo sido a primeira australiana a conquistar ouro nos Jogos de Tóquio 2020. Ela elevou consistentemente o padrão do paraciclismo no cenário internacional e serviu de inspiração para inúmeros jovens atletas com deficiência. Seu legado permanece como símbolo de determinação e excelência esportiva.

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