A nova era do ciclismo profissional norte-americano acaba de ganhar um rosto. George Hincapie, lenda do pelotão internacional e veterano de 17 participações no Tour de France, oficializou o elenco completo de sua aguardada equipe Modern Adventure Pro Cycling. Com um plantel de 20 atletas mesclando experiência e juventude, o projeto busca reacender a chama do ciclismo americano no cenário mundial.
Uma Mistura Estratégica de Veteranos e Promessas
O roster anunciado pela Modern Adventure Pro Cycling traz uma combinação inteligente de nacionalidades, predominantemente com corredores dos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Entre os nomes de destaque, dois ex-integrantes do World Tour trazem bagagem inestimável para a nova formação.
O sul-africano Stefan de Bod, aos 28 anos, é o atleta com maior vivência no mais alto escalão do ciclismo profissional. Durante seis temporadas, De Bod acumulou experiência valiosa defendendo equipes de ponta como Dimension Data, Astana Qazaqstan e EF Education-EasyPost. Sua capacidade técnica e conhecimento tático serão fundamentais para guiar os corredores mais jovens.

Outra contratação que chamou atenção é o retorno do britânico Leo Hayter ao pelotão profissional. O jovem de 24 anos, que afastou-se da Ineos Grenadiers em agosto de 2024 para cuidar de questões relacionadas à saúde mental, encontra na equipe de Hincapie uma oportunidade para reconstruir sua carreira em um ambiente mais acolhedor e propício à recuperação.

O Manifesto da Nova Era
Durante o lançamento oficial realizado quinta-feira, a Modern Adventure Pro Cycling divulgou em seu site institucional uma declaração que resume a filosofia do projeto: “Um grupo audacioso unido por talento, determinação e uma visão compartilhada para o futuro do esporte”.
O comunicado prossegue destacando a diversidade da equipe: “De profissionais experientes a estrelas em ascensão, cada corredor traz seu próprio ritmo e história ao pelotão. Juntos, representam um novo tipo de equipe de ciclismo: construída com propósito, camaradagem e a crença de que o progresso acontece quando você pedala por algo maior que você mesmo”.
A mensagem conclui com uma afirmação ambiciosa: “Este é o elenco moldando o próximo capítulo do ciclismo americano”.
A Força Americana no Pelotão
Dos 20 corredores confirmados, 11 são nascidos nos Estados Unidos, reforçando o compromisso da equipe em valorizar talentos locais. Entre eles, destaca-se o veterano Robin Carpenter, 33 anos, que acumula passagens por Human Powered Health e L39ION of Los Angeles.

Fãs britânicos certamente se lembrarão de Carpenter como o vencedor surpreendente de uma etapa do Tour of Britain em 2021, quando conquistou uma vitória solo memorável após escapar do pelotão.
A juventude americana também está bem representada. Cole Kessler, de apenas 22 anos, chega após duas temporadas na equipe de desenvolvimento Lidl-Trek Future Racing. Seu compatriota Ian López, também com 22 anos, completa a transição das categorias de base vindo da EF Education-Aevolo na última temporada.
A Representação Britânica
Além de Leo Hayter, a equipe conta com outros dois talentos britânicos. Mark Stewart, atleta olímpico e membro da seleção britânica de pista, traz sua experiência e versatilidade. Aos 30 anos, Stewart representa a maturidade técnica que a equipe necessita.

Completando o trio britânico está Lucas Towers, de 22 anos, irmão de Alice Towers, que em breve integrará a EF Education-Oatly. A conexão familiar com o ciclismo profissional certamente será um diferencial importante.
O Sonho do Tour de France
Hincapie anunciou o lançamento de sua nova equipe profissional em junho deste ano, deixando claro desde o início suas intenções audaciosas. O objetivo declarado é alcançar o Tour de France “em cinco anos ou menos”.
Nas palavras do próprio Hincapie: “Estou muito animado, nervoso, ansioso para embarcar neste projeto e, acima de tudo, muito apaixonado por iniciar o que sentimos que pode ser um renascimento do ciclismo americano”.
O ex-profissional, que disputou impressionantes 17 edições do Tour de France durante sua carreira, mas foi retroativamente desqualificado de três após admitir uso de doping, agora busca redenção através deste projeto. Hincapie co-gerenciará a Modern Adventure Pro Cycling ao lado de seu irmão, Rich Hincapie.
Uma Equipe de Gestão Estelar
A estrutura técnica da Modern Adventure Pro Cycling impressiona tanto quanto o elenco de corredores. Os diretores esportivos incluem ex-campeões nacionais dos Estados Unidos como Joey Rosskopf e Alex Howes, além do ex-profissional Ty Magner. Essa combinação garante expertise tática de alto nível.
O cargo de diretor de performance ficará sob responsabilidade de Bobby Julich, que terminou no pódio do Tour de France. Julich tem histórico como treinador de corrida na equipe Sky, mas deixou a função após revelar seu “histórico de doping”.
A presença de figuras com passado polêmico levanta questionamentos, mas também demonstra uma tentativa de construir algo novo com base em lições aprendidas do passado.
Elenco Completo 2026 – Modern Adventure Pro Cycling
- Sam Boardman (30 anos, EUA)
- Robin Carpenter (33 anos, EUA)
- Ezra Caudell (19 anos, EUA)
- Sean Christian (23 anos, EUA)
- Stefan de Bod (28 anos, África do Sul)
- Samuel Florez (20 anos, Colômbia)
- Kieran Haug (23 anos, EUA)
- Leo Hayter (24 anos, Grã-Bretanha)
- Cole Kessler (22 anos, EUA)
- Harry Lasker (18 anos, EUA)
- Ian López (22 anos, EUA)
- Brody McDonald (23 anos, EUA)
- Scott McGill (27 anos, EUA)
- Byron Munton (26 anos, África do Sul)
- Ben Oliver (28 anos, Nova Zelândia)
- Riley Pickrell (24 anos, Canadá)
- Hugo Scala (27 anos, EUA)
- Mark Stewart (30 anos, Grã-Bretanha)
- Lucas Towers (22 anos, Grã-Bretanha)
- Paul Wright (27 anos, Nova Zelândia)
A Estrutura do Projeto
A Modern Adventure Pro Cycling será registrada como equipe americana e terá bases operacionais em duas localidades estratégicas: Greenville, Carolina do Sul (Estados Unidos) e Girona (Espanha). Essa dupla localização permite aos atletas treinarem em solo americano durante a pré-temporada e terem fácil acesso às competições europeias.
A equipe conta com patrocínio de peso da Modern Adventure, empresa de viagens baseada em Portland que dá nome ao projeto, além de parceria com a Factor Bikes como fornecedora de bicicletas e a Hincapie Sportswear para uniformes.
Outros parceiros importantes incluem SRAM como parceiro tecnológico, Ekoï para equipamentos de performance incluindo capacetes, The Feed como parceiro de nutrição e Finish Line para cuidados com as bicicletas.
Contexto Histórico e Relevância
A criação da Modern Adventure Pro Cycling acontece em um momento crítico para o ciclismo profissional americano. Após a era de glórias com Lance Armstrong (posteriormente manchada pelo escândalo de doping), o país viu minguar o número de equipes profissionais e oportunidades para corredores locais.
Atualmente, existem apenas duas equipes World Tour americanas masculinas: Lidl-Trek e EF Education-EasyPost. Porém, essas estruturas contam com pouquíssimos atletas nascidos nos Estados Unidos em seus elencos, evidenciando a falta de espaços para talentos locais no mais alto nível.
Além disso, o calendário de corridas americanas encolheu drasticamente na última década. Eventos tradicionais como Tour da Califórnia, Tour de Utah e USA Pro Challenge simplesmente desapareceram, deixando um vazio enorme no cenário competitivo nacional.
O Que Esperar da Temporada 2026
A equipe iniciará suas atividades oficiais em 2026 como ProTeam, o segundo escalão do ciclismo profissional. Essa categoria permite participação em diversas corridas importantes, mas exige convites para as grandes voltas (Giro d’Italia, Tour de France e Vuelta a España).
A estratégia inicial focará em acumular pontos no ranking UCI através de resultados consistentes em corridas .HC e .1, além de conquistar vitórias em eventos ProSeries. O objetivo é construir reputação e demonstrar competitividade para garantir convites às competições mais prestigiadas.
Com contratos de dois anos para a maioria dos corredores, a gestão demonstra compromisso com estabilidade e desenvolvimento de longo prazo. Segundo Rich Hincapie em declaração ao Cyclingnews: “Temos um compromisso mínimo de seis anos. Temos tempo para construir da forma correta”.
Desafios e Oportunidades
Competir no nível ProTeam apresenta dificuldades específicas. Como observou Bobby Julich: “Correr no status de ProTeam é provavelmente a área mais difícil em que você pode competir em toda a Europa, em todo o mundo. Você não é World Tour, não é Continental… é muito fácil se perder”.
Para evitar esse destino, a direção adota abordagem criteriosa no recrutamento, incluindo entrevistas em múltiplas etapas e foco em atletas que se alinham com a filosofia da equipe. Alex Howes comentou sobre o processo: “O ciclismo americano está em uma situação estranha. Tem sido divertido examinar todo o talento dos EUA, ver quem está por aí. Acho que há muitas joias escondidas”.
O investimento em tecnologia de ponta, nutrição esportiva e análise de dados será fundamental para maximizar o potencial dos atletas. A parceria com marcas líderes como Factor, SRAM e Ekoï garante equipamentos de última geração.
Impacto no Ciclismo Brasileiro
Embora focada no mercado americano, a criação de mais uma equipe ProTeam pode beneficiar indiretamente o ciclismo brasileiro. Com mais vagas disponíveis no pelotão profissional, jovens talentos sul-americanos, incluindo brasileiros, podem encontrar oportunidades de desenvolvimento.
Vale destacar que o elenco já conta com o colombiano Samuel Florez, de 20 anos, demonstrando abertura para atletas da América Latina. O Brasil, com tradição crescente no ciclismo de estrada e atletas se destacando em competições internacionais, pode se beneficiar dessa expansão do mercado profissional.
Além disso, o sucesso de iniciativas como a Modern Adventure Pro Cycling pode inspirar investidores brasileiros a apostarem em projetos similares, fortalecendo o ecossistema do ciclismo nacional.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Quem é George Hincapie e qual sua importância no ciclismo?
George Hincapie é um ex-ciclista profissional americano que disputou impressionantes 17 edições do Tour de France durante sua carreira. Ele foi um dos gregários mais respeitados do pelotão, conhecido por sua lealdade e capacidade tática. Apesar de sua carreira ter sido manchada por admissões de uso de doping, Hincapie permanece uma figura influente no ciclismo americano e agora busca contribuir para o desenvolvimento de novos talentos através de sua equipe.
2. Quando a Modern Adventure Pro Cycling começará a competir?
A equipe iniciará suas atividades competitivas oficialmente em 2026, com registro como UCI ProTeam. Isso significa que a equipe competirá no segundo escalão do ciclismo profissional, tendo acesso a diversas corridas importantes do calendário internacional, embora precise de convites para participar das Grand Tours.
3. Qual o objetivo principal da Modern Adventure Pro Cycling?
O objetivo declarado da equipe é alcançar o Tour de France “em cinco anos ou menos”, ou seja, até 2031. Além disso, o projeto busca promover um “renascimento do ciclismo americano”, oferecendo plataforma para talentos locais competirem no mais alto nível e inspirando nova geração de ciclistas nos Estados Unidos.
4. Quem são os principais patrocinadores da equipe?
A equipe tem como patrocinador principal a Modern Adventure, empresa de viagens baseada em Portland. A Factor Bikes fornece as bicicletas, enquanto a Hincapie Sportswear (marca da família Hincapie) fornece os uniformes. Outros parceiros importantes incluem SRAM (componentes), Ekoï (capacetes e equipamentos), The Feed (nutrição) e Finish Line (produtos para manutenção).
5. Quantos corredores brasileiros estão no elenco?
Atualmente, não há corredores brasileiros no elenco anunciado de 20 atletas para 2026. No entanto, a equipe conta com um representante sul-americano: o colombiano Samuel Florez, de 20 anos. A presença de um atleta latino-americano demonstra que a equipe está aberta a talentos da região, o que pode incluir brasileiros no futuro.
6. Por que Leo Hayter é considerado uma contratação importante?
Leo Hayter, aos 24 anos, foi uma das maiores promessas do ciclismo britânico, tendo vencido a Liège-Bastogne-Liège sub-23 e o Giro Next Gen, superando talentos como Lennert Van Eetvelt e Lenny Martinez. Após afastar-se da Ineos Grenadiers em 2024 para cuidar de problemas de saúde mental, seu retorno representa uma segunda chance para um atleta de imenso potencial. A Modern Adventure oferece ambiente mais acolhedor para sua recuperação e reconstrução de carreira.
7. Onde ficam as bases da equipe?
A Modern Adventure Pro Cycling terá duas bases operacionais estratégicas: uma em Greenville, Carolina do Sul (Estados Unidos), onde os Hincapies têm fortes conexões locais, e outra em Girona (Espanha), cidade que se tornou hub de ciclistas profissionais pela proximidade com os Pireneus e facilidade de acesso às competições europeias. Essa dupla localização oferece versatilidade logística importante.
8. Quem são os diretores esportivos da equipe?
A equipe técnica é composta por três ex-campeões nacionais americanos: Joey Rosskopf, Alex Howes e Ty Magner, todos com vasta experiência como corredores profissionais. O cargo de diretor de performance fica com Bobby Julich, que terminou no pódio do Tour de France e tem experiência como treinador de equipes World Tour. Essa combinação traz expertise tática de altíssimo nível.
9. Qual a diferença entre ProTeam e WorldTour?
A categoria WorldTour é o topo do ciclismo profissional, com licença para três anos e obrigação de participar de todas as grandes corridas. Já a ProTeam é o segundo escalão, com licença anual renovável e acesso a muitas corridas importantes, mas dependendo de convites para participar das Grand Tours (Giro, Tour e Vuelta). ProTeams enfrentam desafio maior para ganhar visibilidade e pontos UCI, mas têm custos operacionais menores.
10. Como essa iniciativa pode beneficiar o ciclismo sul-americano?
A criação de mais equipes profissionais amplia oportunidades para ciclistas de todo o mundo, incluindo sul-americanos. Com a Modern Adventure já contando com um colombiano no elenco, há precedente para inclusão de talentos da região. Além disso, o sucesso do projeto pode inspirar investidores em outros países, incluindo Brasil, Argentina e Colômbia, a criarem estruturas similares, fortalecendo o ciclismo continental.
11. Qual o orçamento estimado da equipe?
Embora os valores exatos não tenham sido divulgados publicamente, equipes ProTeam geralmente operam com orçamentos anuais entre 3 a 8 milhões de euros. Considerando os patrocinadores de peso e o compromisso declarado de seis anos, estima-se que a Modern Adventure Pro Cycling tenha estrutura financeira sólida para competir adequadamente no segundo escalão do ciclismo mundial.
12. Quais as principais corridas que a equipe deve disputar em 2026?
Como ProTeam, a equipe terá acesso garantido a corridas .HC, .1 e .2, além de poder receber convites para corridas ProSeries. Provavelmente focarão em eventos americanos como Tour of California (se retornar), corridas belgas de um dia, competições francesas e espanholas de nível médio, além de buscar wildcards para corridas de maior prestígio. A estratégia inicial será acumular pontos UCI para melhorar ranking e garantir convites futuros.
Fonte: Informações baseadas em Cycling Weekly, Cyclingnews e comunicados oficiais da Modern Adventure Pro Cycling.

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