O ano de 2025 marca o encerramento definitivo de uma era dourada do ciclismo profissional mundial. Quarenta corredores pendurarão suas bicicletas, deixando o pelotão internacional repleto de memórias inesquecíveis, conquistas monumentais e histórias que moldaram o esporte nas últimas duas décadas. Entre esses nomes estão verdadeiros gigantes das estradas europeias: Geraint Thomas, campeão do Tour de France de 2018; Romain Bardet, símbolo das esperanças francesas; Jonathan Castroviejo, o mestre dos contrarrelógios; e Caleb Ewan, o velocista australiano que encantou gerações.
Esta despedida coletiva representa muito mais que simples aposentadorias — é o fim de uma geração inteira que testemunhou transformações radicais no ciclismo profissional. Desde a evolução tecnológica das bicicletas até mudanças nas estratégias de corrida e o advento do treinamento científico moderno, esses atletas navegaram por uma revolução completa do esporte.
Geraint Thomas: O Galês Que Conquistou a França
Aos 38 anos, Geraint Thomas encerra uma das carreiras mais versáteis e impressionantes do ciclismo contemporâneo. Nascido em Cardiff, o britânico construiu um legado único que abrange tanto o ciclismo de pista quanto o de estrada, acumulando honrarias que poucos atletas podem igualar.
Na pista, Thomas brilhou desde cedo. Conquistou cinco medalhas em Campeonatos Mundiais e garantiu dois ouros olímpicos na perseguição por equipes: primeiro em Pequim 2008 e depois em Londres 2012, diante de sua torcida caseira. Sua contribuição para o domínio britânico no ciclismo de pista foi fundamental, e em reconhecimento a seus feitos, recebeu a distinção de Membro da Ordem do Império Britânico em 2008.
Mas foi na estrada que Geraint Thomas escreveu seu nome definitivamente na história. Em 2018, vestindo a camisa da Team Sky (atual Ineos Grenadiers), conquistou o título mais cobiçado do ciclismo: a vitória geral no Tour de France. Com essa conquista, o galês manteve viva a sequência de três títulos consecutivos da equipe britânica na Grande Boucle, após os triunfos de Chris Froome em 2016 e 2017.
Sua consistência nas grandes voltas impressiona: garantiu o vice-campeonato no Giro d’Italia de 2023, demonstrando que mesmo depois dos 35 anos mantinha um nível excepcional de performance. Thomas passou impressionantes 15 temporadas vestindo a mesma camisa — da Team Sky à Ineos Grenadiers — construindo uma lealdade rara no esporte moderno.
Em fevereiro de 2025, Thomas confirmou oficialmente que encerrará sua carreira ao término da temporada. Sua última corrida deverá ser o Tour of Britain em setembro, com chegada programada em Cardiff, sua cidade natal — um final poético para uma carreira excepcional.
Romain Bardet: A Esperança Francesa Que Nunca Desistiu
Se existe um ciclista que personifica a perseverança e o espírito combativo do ciclismo francês, esse nome é Romain Bardet. Aos 35 anos, o escalador de Brioude despediu-se prematuramente do ciclismo de estrada em junho de 2025, durante o Critérium du Dauphiné, antes de se dedicar às corridas de gravel que tanto ama.
Bardet carregou por anos o peso das expectativas de toda uma nação. Desde o último triunfo francês no Tour de France em 1985, com Bernard Hinault, compatriotas ansiavam por um novo campeão caseiro. Durante o auge de sua carreira, entre 2016 e 2017, Bardet chegou perto de realizar esse sonho coletivo ao conquistar dois pódios consecutivos na Grande Boucle: segundo lugar em 2016 e terceiro em 2017.
Sua elegância nas montanhas e capacidade de atacar nas subidas mais difíceis o tornaram um dos corredores mais queridos do público francês. Em 2018, no Campeonato Mundial de Estrada disputado em Innsbruck, Áustria, conquistou a medalha de prata, ficando a poucos metros da camisa arco-íris.
A transição de Bardet para o gravel não foi apenas uma escolha profissional — representou uma libertação. Livre da pressão esmagadora de conquistar o Tour, encontrou nova paixão competindo em terrenos mistos, onde seu espírito aventureiro e capacidade de sofrimento encontraram nova expressão. Sua decisão de encerrar a carreira no estrada aos 35 anos surpreendeu muitos, mas Bardet explicou que “sentia a necessidade de buscar novos desafios e redescobrir o prazer de pedalar sem o peso das expectativas nacionais”.
Jonathan Castroviejo: O Mestre Discreto dos Contrarrelógios
Poucos corredores incorporam tão perfeitamente o conceito de gregário de elite quanto Jonathan Castroviejo. Aos 38 anos, o ciclista basco de Getxo encerra uma carreira de 17 temporadas que, embora não tenha acumulado vitórias individuais abundantes, foi fundamental para o sucesso de inúmeros campeões.
Castroviejo é conhecido como o “Master Crono” do pelotão internacional. Com seis títulos nacionais espanhóis de contrarrelógio e um título europeu, estabeleceu-se como um dos melhores especialistas contra o relógio de sua geração. Sua capacidade de manter potências altíssimas em terreno plano por longos períodos o tornou uma arma tática indispensável para qualquer líder que defendesse.
Desde sua estreia profissional em 2008 pela equipe Orbea até sua despedida na Ineos Grenadiers em 2025, Castroviejo permaneceu fiel ao mesmo projeto britânico por impressionantes 15 temporadas. Sua lealdade e profissionalismo exemplares fizeram dele um dos corredores mais respeitados do pelotão.
Participou de 10 edições do Giro d’Italia e 7 da Vuelta a España, sempre no papel de domestique de luxo. Seu trabalho incansável na frente do pelotão controlando fugas, marcando rivais e protegendo líderes foi crucial para vitórias de nomes como Chris Froome, Egan Bernal, Tao Geoghegan Hart e Geraint Thomas.
Curiosamente, apesar de toda sua classe e 17 anos de carreira, Castroviejo nunca foi selecionado para disputar o Tour de France — uma das grandes ironias de sua trajetória. Porém, seu legado permanece inabalável: foi o gregário perfeito, aquele que sacrificava ambições pessoais pelo sucesso coletivo, personificando o espírito de equipe que define o ciclismo profissional.
Caleb Ewan: O Pequeno Gigante das Sprints
Apelidado carinhosamente de “Pocket Rocket” (Foguete de Bolso) devido à sua estatura compacta e explosão devastadora nos sprints finais, Caleb Ewan encerra aos 31 anos uma carreira recheada de vitórias espetaculares e momentos inesquecíveis.
O australiano de Sydney construiu um palmarés invejável: 5 vitórias de etapa no Tour de France, 5 no Giro d’Italia e 1 na Vuelta a España, tornando-se membro do seleto clube de velocistas que venceram nas três Grandes Voltas. Sua última vitória profissional veio na Itzulia Basque Country 2025, pouco antes de anunciar sua aposentadoria.
Com apenas 1,65m de altura, Ewan compensava sua estatura com uma combinação mortal de potência, timing perfeito e audácia nos metros finais. Suas chegadas eram sempre espetaculares: conseguia encontrar espaços minúsculos entre os sprinters mais altos, emergindo como um foguete nas últimas dezenas de metros para cruzar a linha em primeiro.
Em 2025, após uma passagem efêmera pela Ineos Grenadiers, Ewan acumulou 65 vitórias profissionais ao longo de sua carreira. Suas conquistas incluem etapas nas corridas mais prestigiosas do calendário, consolidando seu status como um dos grandes velocistas da década de 2010-2020.
O australiano sempre foi conhecido por sua simpatia e carisma fora da bike, conquistando legião de fãs ao redor do mundo. Sua aposentadoria prematura aos 31 anos gerou surpresa, mas Ewan explicou que “alcançou tudo que sonhava no esporte e agora busca novos objetivos na vida”.
Os Velocistas Lendários: Uma Geração Encerra
O ano de 2025 marca o fim de uma era dourada para os velocistas europeus, com três grandes nomes pendurando definitivamente suas bicicletas.
Alexander Kristoff: O Guepardo Norueguês
Aos 38 anos, Alexander Kristoff despede-se com um currículo de fazer inveja a qualquer velocista. O norueguês de Stavanger conquistou dois dos Monumentos mais prestigiados do calendário: Milano-Sanremo e Tour de Flandres. Adicionalmente, venceu 4 etapas no Tour de France e acumulou impressionantes 98 vitórias profissionais vestindo a camisa da Uno-X.
Kristoff era conhecido por sua versatilidade: embora fosse um velocista puro, conseguia se adaptar a terrenos mais duros, conquistando clássicas com paralelepípedos e pequenas elevações que eliminavam sprinters mais pesados. Sua potência bruta combinada com excelente posicionamento tático fizeram dele um dos mais temidos finalizadores de sua geração.
Arnaud Démare: A Referência Francesa dos Sprints
Com 35 anos ao pendurar as chuteiras no final de 2025, Arnaud Démare deixa um legado impressionante como o principal velocista francês de sua geração. Seu maior feito individual foi a vitória na Milano-Sanremo 2016, uma das conquistas mais prestigiadas para qualquer sprinter.
Démare dominou a classificação por pontos do Giro d’Italia em duas ocasiões diferentes, demonstrando consistência admirável ao longo de três semanas de competição. Encerra a carreira com quase 100 vitórias profissionais, consolidando-se como referência absoluta dos sprints franceses desde o início dos anos 2010.
Sua característica mais marcante era a regularidade: raramente tinha um dia verdadeiramente ruim, sempre aparecendo entre os primeiros colocados nos sprints de massa. Essa consistência, aliada à potência explosiva nos últimos 200 metros, garantiu-lhe dezenas de vitórias ao longo dos anos.
Elia Viviani: O Símbolo da Velocidade Italiana
Aos 36 anos, Elia Viviani encerra uma das carreiras mais completas do ciclismo italiano moderno. Natural de Isola della Scala, Viviani brilhou tanto na pista quanto na estrada, acumulando títulos em ambas as modalidades.
Na pista, conquistou um ouro olímpico e três títulos mundiais, estabelecendo-se como um dos grandes nomes do omnium e da corrida por pontos. Na estrada, sua versatilidade impressionava: venceu 5 etapas no Giro d’Italia, 3 na Vuelta a España e 1 no Tour de France, além de conquistar a prestigiada classificação por pontos do Giro em 2018.
Viviani era conhecido por sua inteligência tática e capacidade de ler perfeitamente os sprints finais. Diferentemente de velocistas que dependiam exclusivamente de potência bruta, o italiano sabia escolher a roda certa para seguir e o momento exato para lançar seu sprint, maximizando sua explosão natural.
Omar Fraile e os Gregários de Luxo Espanhóis
Outro nome espanhol que se despede é Omar Fraile, de 35 anos, natural de Santurtzi. Durante sua passagem pela Ineos Grenadiers, Fraile estabeleceu-se como um dos gregários mais valiosos do pelotão internacional.
Seu palmarés inclui vitórias de etapa tanto no Tour de France quanto na Vuelta a España, demonstrando capacidade de aproveitar oportunidades quando liberado para buscar resultados próprios. Mais impressionante ainda foi conquistar por duas vezes o título de Rei da Montanha na Vuelta, prêmio geralmente reservado a escaladores puros.
Fraile personificava o corredor de equipe ideal: forte o suficiente para trabalhar na frente do pelotão por quilômetros, inteligente taticamente para proteger o líder em momentos críticos, e versátil para adaptar-se a diferentes tipos de terreno. Corredores como ele são a espinha dorsal de qualquer equipe de sucesso, e os líderes certamente sentirão falta de sua experiência e confiabilidade.
Rafal Majka: O Lugarteniente Perfeito de Pogačar
Após 5 anos de serviço dedicado ao UAE Team Emirates e, especialmente, a Tadej Pogačar, o polonês Rafal Majka encerra uma carreira marcada pelo sacrifício e trabalho incansável nas montanhas.
Majka tornou-se sinônimo de gregário de montanha de elite. Sua capacidade de manter ritmos elevadíssimos nas ascensões mais difíceis permitia que Pogačar economizasse energia preciosa para os ataques decisivos. Em inúmeras ocasiões, foi o último homem a abandonar o esloveno antes dos quilômetros finais das grandes montanhas, garantindo que seu líder chegasse nas melhores condições possíveis.
Sua lealdade e profissionalismo exemplares fizeram dele uma peça fundamental nas conquistas de Pogačar, incluindo múltiplas vitórias no Tour de France. Majka representa a essência do espírito de equipe no ciclismo: colocar as ambições coletivas acima das individuais, encontrando satisfação não em vitórias pessoais, mas no sucesso do companheiro que protegeu com tanto empenho.
Louis Meintjes e Michael Woods: Consistência e Versatilidade
Dois nomes que marcaram o ciclismo internacional pela regularidade e versatilidade também se despedem em 2025.
Louis Meintjes: O Sul-Africano Incansável
Aos 33 anos, o carismático Louis Meintjes, de Pretória, África do Sul, encerra uma carreira marcada pela extraordinária consistência. Conquistou impressionantes 5 colocações no top 10 da classificação geral do Tour de France, demonstrando capacidade rara de manter alto nível de performance ao longo de três semanas consecutivas.
Embora nunca tenha conquistado uma Grande Volta ou subido ao pódio de uma, Meintjes foi exemplo de regularidade e profissionalismo. Sua escalada eficiente e capacidade de sofrer nas longas jornadas de montanha garantiram-lhe respeito universal no pelotão. Muitas equipes sonhavam em contar com um corredor tão confiável para posições de top 10 em Grandes Voltas.
Michael Woods: Do Atletismo ao Ciclismo de Elite
A história de Michael Woods é uma das mais inspiradoras do pelotão profissional. Aos 39 anos, o canadense de Toronto despede-se após uma carreira que começou tardiamente — Woods foi ex-meio-fundista do atletismo antes de migrar para o ciclismo já na casa dos 20 anos.
Apesar da transição tardia, Woods construiu um palmarés respeitável: levantou os braços em vitória três vezes no Tour de France e uma vez na Vuelta a España. Seu momento mais memorável veio no Campeonato Mundial de 2018 em Innsbruck, onde conquistou a medalha de bronze na prova que sagrou Alejandro Valverde campeão.
Woods era conhecido por sua combatividade e disposição para atacar em momentos improváveis. Sua origem no atletismo lhe conferiu uma base aeróbica extraordinária, permitindo sustentar esforços intensos por períodos prolongados. Sua aposentadoria marca o fim de uma jornada única no ciclismo profissional.
Os Fugitivos e Animadores do Pelotão
O ciclismo perde também um grupo de corredores que, embora raramente conquistassem vitórias de prestígio, eram responsáveis por animar as corridas com escapadas audaciosas e ataques oportunistas.
Entre os franceses, destacam-se Anthony Perez, Anthony Delaplace e Geoffrey Bouchard — todos especialistas em fugas de longa distância que frequentemente obrigavam os favoritos a reagir. Da Itália, Gianluca Brambilla e Simone Petilli também eram nomes constantes nas escapadas matinais.
Corredores como Alessandro De Marchi, Salvatore Puccio, Tim Declercq (apelidado de “El Tractor” por sua capacidade de puxar o pelotão por quilômetros), e Pieter Serry foram fundamentais para o sucesso de suas respectivas equipes, trabalhando incansavelmente nos bastidores para que os líderes pudessem brilhar.
Aposentadorias Prematuras: Histórias de Superação e Adversidade
Nem todas as despedidas em 2025 aconteceram pela idade avançada ou pelo esgotamento natural das carreiras. Alguns corredores foram forçados a encerrar precocemente suas trajetórias por motivos de saúde física e mental.
Pierre Latour: O Medo das Quedas
Um dos casos mais tocantes é o de Pierre Latour, talentoso escalador francês que decidiu abandonar o ciclismo profissional sem conseguir superar o medo psicológico das descidas. Após sofrer múltiplas quedas graves ao longo dos anos, Latour desenvolveu ansiedade severa sempre que enfrentava descidas técnicas em alta velocidade.
Seu caso evidencia um problema crescente no pelotão profissional: o impacto psicológico das quedas na carreira dos ciclistas. Latour explicou que “não conseguia mais desfrutar do esporte, sempre antecipando o próximo acidente nas descidas”, e optou por priorizar sua saúde mental e bem-estar.
Ide Schelling: Lutando Contra a Saúde Mental
O holandês Ide Schelling também tomou a difícil decisão de encerrar prematuramente sua carreira após lutar contra problemas de saúde mental. Schelling falou abertamente sobre sua batalha contra ansiedade e depressão, tornando-se uma voz importante na conscientização sobre saúde mental no esporte de alto rendimento.
Sua coragem em priorizar o tratamento e recuperação sobre a continuidade da carreira profissional inspirou outros atletas a buscar ajuda quando necessário, contribuindo para quebrar o estigma em torno da saúde mental no ciclismo.
Unai Zubeldia: Problemas Cardíacos aos 22 Anos
Talvez o caso mais trágico seja o de Unai Zubeldia, jovem promessa basca de apenas 22 anos que foi forçado a abandonar o ciclismo devido a problemas cardíacos graves. Após exames médicos rigorosos revelarem anomalias que colocavam sua vida em risco, os médicos recomendaram categoricamente o encerramento imediato de atividades esportivas de alto rendimento.
A aposentadoria prematura de Zubeldia serve como lembrete sombrio dos riscos inerentes ao esporte de elite e da importância de exames médicos regulares e rigorosos para todos os atletas profissionais.
Lars van den Berg: Cirurgia da Artéria Ilíaca
O dinamarquês Lars van den Berg encerrou sua carreira aos 26 anos após complicações decorrentes de uma cirurgia na artéria ilíaca. Este procedimento, relativamente comum entre ciclistas profissionais devido à posição extrema mantida durante horas, nem sempre resulta em recuperação completa.
No caso de Van den Berg, as complicações pós-cirúrgicas impediram o retorno ao nível de performance necessário para competir no mais alto escalão, forçando-o a tomar a dolorosa decisão de abandonar o esporte que amava.
Outros Nomes Notáveis na Lista de Aposentadorias 2025
A lista completa de 40 aposentadorias inclui ainda diversos nomes que marcaram o pelotão de diferentes formas:
- Ryan Gibbons (África do Sul)
- Jonas Koch (Alemanha)
- Loïc Vliegen (Bélgica)
- Martijn Budding (Holanda)
- Eddy Fine (França, ex-campeão francês sub-23)
- Daniel McLay (Reino Unido)
- Giacomo Nizzolo (Itália, velocista veterano)
- Nans Peters (França, vencedor de etapa no Tour de France)
- Tosh van der Sande (Bélgica)
- Kristian Sbaragli (Itália)
- Jimmy Janssens (Bélgica)
- Víctor de la Parte (Espanha, basco de Álava)
Cada um desses nomes contribuiu à sua maneira para o enriquecimento do esporte, seja através de vitórias memoráveis, trabalho de equipe exemplar, ou simplesmente pela presença constante e profissionalismo ao longo dos anos.
O Impacto Coletivo: Uma Geração Que Transformou o Ciclismo
Analisando este grupo de 40 aposentadorias em conjunto, percebemos que estamos testemunhando o encerramento de uma era específica do ciclismo profissional — a geração que dominou o esporte entre 2010 e 2025.
Estes corredores vivenciaram e contribuíram para transformações profundas no esporte:
- Evolução tecnológica: Da introdução dos medidores de potência como ferramenta universal ao desenvolvimento de bicicletas aerodinâmicas revolucionárias
- Treinamento científico: A transição de métodos empíricos para programas baseados em dados, análise de lactato e controle rigoroso de zonas de treinamento
- Nutrição esportiva: A profissionalização completa da alimentação, com nutricionistas dedicados e protocolos personalizados
- Segurança no pelotão: Debates intensos sobre velocidades crescentes, riscos das corridas modernas e necessidade de mudanças regulatórias
- Globalização: A expansão do ciclismo para novos mercados e o aumento da diversidade nacional no pelotão profissional
Esta geração também foi pioneira na conscientização sobre saúde mental no esporte de elite, com casos como os de Ide Schelling e Pierre Latour abrindo discussões fundamentais que antes eram tabu no ciclismo profissional.
O Legado Para as Novas Gerações
A despedida desta geração dourada abre espaço para novos talentos que já demonstram potencial extraordinário. Nomes como Remco Evenepoel, João Almeida, Jai Hindley e Sepp Kuss estão prontos para assumir os papéis de protagonistas que estes veteranos ocuparam por tantos anos.
Porém, a transição não será apenas numérica. Os jovens corredores herdam também as lições aprendidas por esta geração que se despede:
- A importância do trabalho em equipe sobre as glórias individuais
- O valor da consistência e profissionalismo ao longo de temporadas inteiras
- A necessidade de equilibrar ambição com sustentabilidade de carreira
- A coragem de priorizar saúde física e mental sobre resultados a qualquer custo
- O respeito pelas tradições do esporte enquanto abraçam inovações tecnológicas
Reflexão Final: O Fim de Uma Era, O Início de Outra
O ciclismo profissional em 2025 vira uma página definitiva de sua história. Quarenta corredores — alguns campeões mundiais, outros trabalhadores anônimos dos bastidores; alguns astros internacionais, outros heróis regionais; alguns encerrando carreiras longas e vitoriosas, outros forçados a parar prematuramente — todos unidos pela paixão comum que os levou a dedicar suas vidas a este esporte extraordinário.
Geraint Thomas pedala pela última vez em sua Cardiff natal, fechando o círculo de uma jornada que começou nas mesmas ruas. Romain Bardet encontra nova liberdade nas estradas de terra do gravel. Caleb Ewan guarda suas sapatilhas sabendo que seu “foguete de bolso” explodiu gloriosamente dezenas de vezes. Castroviejo, Majka, Puccio e tantos outros gregários de elite podem finalmente descansar após anos sacrificando ambições pessoais pelo sucesso coletivo.
O pelotão profissional será inevitavelmente diferente sem eles. Mais jovem, certamente. Mais rápido, provavelmente. Mas também mais inexperiente, menos sábio, carente da perspectiva que apenas décadas de experiência podem proporcionar.
Aos 40 que se despedem em 2025: obrigado pelas vitórias memoráveis, pelas batalhas épicas nas montanhas, pelos sprints eletrizantes, pelo trabalho incansável protegendo líderes, pelas escapadas audaciosas, e principalmente por nos lembrar porque amamos este esporte.
Que suas próximas jornadas, agora fora das estradas de corrida, sejam tão gratificantes quanto foram suas carreiras sobre duas rodas.
Perguntas Frequentes sobre as Aposentadorias no Ciclismo 2025
1. Quantos ciclistas profissionais se aposentaram em 2025?
Um total de 40 ciclistas profissionais encerraram suas carreiras em 2025, marcando uma das maiores ondas de aposentadorias de uma única geração na história recente do esporte. Entre eles estão nomes ilustres como Geraint Thomas, Romain Bardet, Jonathan Castroviejo e Caleb Ewan, além de dezenas de gregários e especialistas que contribuíram fundamentalmente para o sucesso de suas equipes.
2. Quem foi o ciclista mais vitorioso entre os que se aposentaram em 2025?
Entre os aposentados de 2025, Alexander Kristoff lidera em número de vitórias totais, com impressionantes 98 conquistas profissionais ao longo de sua carreira. O norueguês venceu dois Monumentos (Milano-Sanremo e Tour de Flandres) e 4 etapas no Tour de France. Em termos de títulos de maior prestígio, Geraint Thomas se destaca com sua vitória no Tour de France 2018, dois ouros olímpicos e cinco títulos mundiais no ciclismo de pista.
3. Por que Romain Bardet se aposentou tão cedo, aos 35 anos?
Romain Bardet decidiu encerrar prematuramente sua carreira no ciclismo de estrada em junho de 2025 durante o Critérium du Dauphiné para se dedicar às corridas de gravel, modalidade pela qual desenvolveu grande paixão. O francês explicou que sentia necessidade de se libertar da pressão esmagadora de conquistar o Tour de France que carregava há anos, e encontrou nova motivação competindo em terrenos mistos onde pode desfrutar do esporte com menos expectativas nacionais sobre seus ombros.
4. Qual será a última corrida de Geraint Thomas?
A última corrida profissional de Geraint Thomas será o Tour of Britain em setembro de 2025, com a etapa final programada para terminar em Cardiff, sua cidade natal no País de Gales. Esta escolha tem significado especial para o galês, que começou sua jornada no ciclismo nas mesmas ruas onde encerrará sua carreira 19 anos depois. Thomas confirmou oficialmente sua aposentadoria em fevereiro de 2025, após 15 temporadas com a Ineos Grenadiers (anteriormente Team Sky).
5. Quantas vitórias Caleb Ewan conquistou em Grandes Voltas?
Caleb Ewan, o “Pocket Rocket” australiano, conquistou um total de 11 vitórias de etapa em Grandes Voltas ao longo de sua carreira: 5 no Tour de France, 5 no Giro d’Italia e 1 na Vuelta a España. Essa façanha o coloca no seleto grupo de velocistas que venceram nas três principais corridas por etapas do calendário internacional. Sua última vitória profissional veio na Itzulia Basque Country 2025, pouco antes de anunciar sua aposentadoria aos 31 anos com um total de 65 vitórias na carreira.
6. Por que alguns ciclistas foram forçados a se aposentar prematuramente por questões de saúde?
Vários ciclistas encerraram suas carreiras precocemente em 2025 por motivos de saúde física e mental. Unai Zubeldia, com apenas 22 anos, foi diagnosticado com problemas cardíacos graves que colocavam sua vida em risco. Lars van den Berg, aos 26 anos, sofreu complicações após cirurgia na artéria ilíaca e não conseguiu recuperar o nível necessário para competir profissionalmente. Pierre Latour desenvolveu medo psicológico das descidas após múltiplas quedas graves, e Ide Schelling lutou contra problemas de saúde mental incluindo ansiedade e depressão, optando por priorizar tratamento sobre a continuidade da carreira.
7. Qual o legado de Jonathan Castroviejo no ciclismo profissional?
Jonathan Castroviejo, conhecido como o “Master Crono”, deixa um legado extraordinário como um dos melhores gregários de elite de sua geração. Com 6 títulos nacionais espanhóis de contrarrelógio e 1 título europeu, foi fundamental para o sucesso de múltiplos campeões durante seus 17 anos de carreira profissional. Embora nunca tenha disputado o Tour de France, participou de 10 edições do Giro d’Italia e 7 da Vuelta a España, sempre trabalhando incansavelmente para proteger e posicionar seus líderes. Seu profissionalismo exemplar e 15 anos de lealdade ao projeto britânico (Ineos Grenadiers) fizeram dele um dos corredores mais respeitados do pelotão.
8. Quais velocistas lendários se aposentaram em 2025?
O ano de 2025 marcou o fim de uma era dourada para os velocistas europeus, com três grandes nomes pendurando as bicicletas: Alexander Kristoff (Noruega, 38 anos, 98 vitórias), Arnaud Démare (França, 35 anos, quase 100 vitórias incluindo Milano-Sanremo 2016), e Elia Viviani (Itália, 36 anos, campeão olímpico e mundial na pista, vencedor de 9 etapas em Grandes Voltas). Adicionalmente, Caleb Ewan (Austrália, 31 anos, 65 vitórias) também encerrou prematuramente uma carreira brilhante, completando uma geração de finalizadores que dominou os sprints de massa na década 2010-2020.
9. Quantos anos Geraint Thomas permaneceu na mesma equipe?
Geraint Thomas demonstrou lealdade extraordinária ao permanecer com o mesmo projeto por 15 temporadas consecutivas, desde que a Team Sky foi fundada até sua última temporada com a Ineos Grenadiers (nome atual da equipe após mudança de patrocinador). Essa longevidade com uma única estrutura é extremamente rara no ciclismo moderno, onde transferências frequentes são a norma. Durante esse período, Thomas conquistou seu Tour de France (2018), dois ouros olímpicos (2008 e 2012), vice-campeonato no Giro d’Italia (2023), e contribuiu fundamentalmente para o domínio britânico no ciclismo profissional.
10. Qual foi a história mais inspiradora entre os aposentados de 2025?
A história de Michael Woods é frequentemente citada como a mais inspiradora. O canadense foi ex-meio-fundista do atletismo antes de migrar tardiamente para o ciclismo já na casa dos 20 anos. Apesar de começar tarde comparado aos padrões profissionais, construiu uma carreira notável com 4 vitórias de etapa em Grandes Voltas (3 no Tour de France e 1 na Vuelta) e medalha de bronze no Campeonato Mundial de 2018. Woods provou que mesmo transições tardias podem resultar em carreiras bem-sucedidas no mais alto nível do esporte, inspirando atletas de outras modalidades a considerar o ciclismo. Aos 39 anos, encerra sua jornada como um dos corredores mais respeitados e admirados do pelotão.

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