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ASO Descarta Sistema de Ingressos Pagos para Espectadores em Corridas de Ciclismo

A ASO rejeita proposta de cobrar ingressos de espectadores nas corridas de ciclismo. Entenda o debate sobre bilheteria no Tour de France, a crise financeira das equipes e por que o acesso gratuito é considerado essencial para o esporte.

ASO Descarta Sistema de Ingressos Pagos para Espectadores em Corridas de Ciclismo

A ideia de cobrar ingresso de torcedores para assistirem às corridas de ciclismo nas estradas ganhou destaque recentemente quando o ex-diretor esportivo Jérôme Pineau sugeriu publicamente a implementação de um sistema de bilheteria em trechos-chave das provas. No entanto, a ASO (Amaury Sport Organisation), organizadora do Tour de France e outras grandes corridas europeias, rejeitou categoricamente a proposta, reafirmando que o ciclismo deve permanecer gratuito e acessível a todos.

A Polêmica Proposta de Jérôme Pineau

Durante sua participação no podcast Grand Plateau, Pineau trouxe à tona uma discussão que circula há anos nos bastidores do ciclismo profissional: por que não cobrar pela entrada em setores estratégicos das corridas?

O ex-diretor esportivo apontou especificamente a dupla subida ao Alpe d’Huez programada para o Tour de France 2026 como candidata ideal para esse modelo. Sua argumentação central focava no fortalecimento do frágil modelo financeiro das equipes de ciclismo.

“Por que não fazer as pessoas pagarem para acessar as partes finais das grandes montanhas? Se cobrarmos pelas últimas cinco quilômetros, isso geraria uma quantia realmente boa de dinheiro para as equipes sem afetar o espetáculo”, questionou Pineau.

A proposta não era inteiramente nova. Precedentes já existem no ciclismo: tendas VIP são características regulares tanto no ciclocross quanto em algumas clássicas de um dia, como a Volta da Flandres, que em 2026 cobrará mais de €700 pela experiência premium na zona de chegada.

Precedentes e Tentativas Anteriores

Em 2023, Richard Plugge, gerente da equipe Visma-Lease a Bike, havia sugerido uma abordagem diferente: cobrar uma taxa modesta de €10 para acessar setores montanhosos cercados, não necessariamente como fonte de receita, mas como depósito reembolsável para desencorajar comportamentos que causam acidentes.

Plugge comentou após incidentes no Col de Joux Plane: “Talvez devêssemos pedir €10 para subir a montanha porque ontem estava realmente caótico. Você pagaria €10 e receberia de volta ao descer se nada acontecesse”.

Outra alternativa discutida recentemente envolve realizar mais corridas em circuitos fechados como forma de desencorajar perturbações causadas por protestos, como aqueles que suspenderam ou cancelaram várias etapas da Vuelta a España.

A Resposta Categórica da ASO

Quando questionado pelo jornal belga Dernière Heure, Pierre-Yves Thoualt, diretor adjunto da seção de ciclismo da ASO, foi enfático ao descartar qualquer possibilidade de implementação de sistema de ingressos:

“Em sua essência, o ciclismo é gratuito [para espectadores] e introduzir um sistema de bilheteria está absolutamente fora da agenda atual”, declarou Thoualt.

A posição da ASO reflete um princípio fundamental que diferencia o ciclismo de muitos outros esportes: o acesso democrático às competições. Essa característica única permite que milhões de fãs ao redor do mundo assistam gratuitamente às maiores corridas do calendário, simplesmente posicionando-se à beira das estradas.

Apoio de Figuras Tradicionais do Pelotão

A posição da ASO encontrou eco entre figuras respeitadas do ciclismo profissional. Marc Madiot, lendário gerente da Groupama-FDJ, foi direto ao ponto:

“O ciclismo é um esporte gratuito e isso ajuda no seu sucesso. Vamos mantê-lo assim”, afirmou Madiot.

Tanto Vincent Lavenu, ex-chefe da AG2R La Mondiale, quanto Valerio Piva, diretor esportivo da Jayco-AlUla, também manifestaram apoio à gratuidade do acesso nas declarações ao mesmo veículo.

O Dilema Financeiro das Equipes

Apesar da rejeição unânime à ideia de bilheteria, os gestores reconhecem a grave crise financeira que assola muitas equipes do WorldTour. O recente colapso da Arkéa-B&B Hotels após patrocinadores retirarem apoio ilustra perfeitamente essa fragilidade.

Vincent Lavenu apontou a crescente disparidade entre equipes:

“Atualmente existem equipes patrocinadas por estados ou apoiadas por multinacionais com orçamentos ilimitados, e outras que lutam para manter o apoio dos patrocinadores, que estão cada vez mais relutantes em abrir as carteiras. O ciclismo depende demais de seus patrocinadores. As equipes não se beneficiam dos direitos de TV como no futebol ou de sistemas de bilheteria”, lamentou.

Lavenu sugeriu que, a longo prazo, será necessário encontrar fluxos de receita mais confiáveis ou talvez impor um teto salarial para equilibrar a competição.

O Ceticismo Sobre Distribuição de Receitas

Mesmo defensores moderados da bilheteria expressam dúvidas sobre a efetiva distribuição de receitas. Valerio Piva observou:

“No papel, é uma boa ideia se aqueles que sediam a corrida forem generosos com as equipes. Na Volta da Flandres ou Amstel, esse dinheiro vai direto para os organizadores. Não acho que seria diferente se tivéssemos um sistema similar em corridas de etapas”.

Essa observação toca em um ponto crucial: mesmo que sistemas de bilheteria fossem implementados, não há garantia de que as receitas seriam repassadas às equipes em vez de simplesmente aumentar os lucros dos organizadores.

O Modelo Atual de Receitas da ASO

A ASO, subsidiária do Groupe Amaury (proprietário do jornal L’Équipe), é a maior organizadora de eventos ciclísticos do mundo. Em 2016, suas receitas anuais atingiram €220 milhões com lucros de €45,9 milhões, segundo documentos financeiros públicos.

A empresa organiza aproximadamente 240 dias de competição por ano em 90 eventos distribuídos por 25 países, abrangendo cinco universos esportivos: ciclismo (Tour de France, Paris-Roubaix, Critérium du Dauphiné, Liège-Bastogne-Liège), rally-raid (Dakar), vela, eventos de massa (Maratona de Paris) e golfe.

O Tour de France representa a joia da coroa da ASO, estimado em aproximadamente 55% das operações do grupo. No entanto, várias outras corridas ciclísticas da ASO operam no limite da viabilidade financeira ou até mesmo com prejuízo.

Um exemplo revelador é o Critérium du Dauphiné, adquirido pela ASO em 2010. Apesar de consistentemente oferecer uma das melhores corridas de etapas do ano com percursos alpinos sublimes e pelotão estelar, seu orçamento anual gira em torno de apenas €2 milhões e mal consegue empatar, gerando lucro de míseros €11.892 em 2016.

Comparação com Outros Esportes

O modelo de receitas do ciclismo contrasta drasticamente com esportes como futebol, basquete ou tênis, onde:

  • Direitos de TV são divididos entre clubes/equipes
  • Bilheteria representa fonte significativa de receita
  • Merchandise oficial gera lucros substanciais
  • Controle dos atletas permite gerenciamento de direitos de imagem

No ciclismo, os organizadores das corridas (como ASO, RCS Sport, Flanders Classics) mantêm controle sobre direitos de TV e a maior parte das receitas comerciais, enquanto as equipes dependem quase exclusivamente de patrocínio corporativo para sobreviver.

Essa estrutura cria uma dinâmica peculiar onde as equipes fornecem o espetáculo (os atletas e a competição), mas capturam apenas uma fração mínima das receitas totais geradas pelo esporte.

Experiências VIP: O Meio-Termo Existente

Embora a ASO rejeite bilheteria generalizada, experiências premium pagas já existem em várias corridas. A Volta da Flandres oferecerá em 2026 pacotes “Grandstand Experience” por mais de €700, incluindo:

  • Assentos reservados em arquibancadas estrategicamente posicionadas
  • Acesso a áreas VIP com alimentação e bebidas
  • Banheiros privativos
  • Experiências de hospitalidade premium
  • Materiais promocionais exclusivos

No ciclocross, tendas VIP são padrão em praticamente todas as grandes corridas, oferecendo aos patrocinadores e torcedores affluentes vistas privilegiadas dos percursos técnicos.

Essa abordagem permite que organizadores gerem receita adicional de torcedores dispostos a pagar por conforto e exclusividade, sem comprometer o acesso gratuito da maioria dos espectadores que preferem assistir das margens da estrada.

O Argumento Cultural e Tradicional

Além das considerações financeiras, existe um componente cultural profundo na rejeição à bilheteria no ciclismo de estrada. O esporte evoluiu ao longo de mais de um século com a premissa de que qualquer pessoa pode assistir gratuitamente, simplesmente posicionando-se à beira da estrada.

Essa acessibilidade democrática criou uma conexão única entre atletas e torcedores. Diferentemente de esportes praticados em estádios, onde espectadores observam de distância através de grades e barreiras, os torcedores de ciclismo podem:

  • Ficar a centímetros dos ciclistas durante a passagem
  • Gritar encorajamento diretamente aos seus heróis
  • Sentir o vento e a velocidade do pelotão
  • Testemunhar o sofrimento e a glória de perto
  • Fazer parte integral da atmosfera da corrida

Romper essa tradição através de cercas e cobranças poderia, argumentam defensores, destruir a própria essência do que torna o ciclismo especial.

Alternativas para Fortalecer as Finanças das Equipes

Se a bilheteria está fora de questão, quais alternativas poderiam melhorar a sustentabilidade financeira das equipes de ciclismo? Várias propostas circulam entre gestores e analistas do esporte:

1. Redistribuição de Direitos de TV

Seguindo o modelo de esportes como Fórmula 1 e futebol, organizadores poderiam compartilhar porcentagem dos direitos televisivos com as equipes que fornecem o espetáculo. Isso criaria fluxo de receita previsível e sustentável.

2. Teto Salarial e Piso de Gastos

Implementar limites nos orçamentos das equipes poderia reduzir a disparidade entre conjuntos ricos (UAE Team Emirates, INEOS Grenadiers) e aqueles com recursos limitados, criando competição mais equilibrada.

3. Fundo Solidário do WorldTour

A UCI poderia estabelecer um fundo central alimentado por taxas de licenciamento de organizadores e patrocinadores, distribuído entre equipes baseado em critérios de desempenho e sustentabilidade.

4. Expansão do Calendário e Prêmios

Aumentar o número de corridas de prestígio e elevar significativamente os prêmios em dinheiro poderia fornecer mais oportunidades de receita para equipes através de vitórias e bons desempenhos.

5. Licenciamento de Propriedade Intelectual

Criar sistemas onde equipes possam monetizar suas marcas, imagens e conteúdo digital de forma mais efetiva, similar aos clubes de futebol que lucram com merchandise e mídia digital.

O Contexto das Grandes Voltas 2026

A discussão sobre bilheteria ganha contexto adicional com os percursos anunciados para 2026. O Tour de France 2026 já revelou sua rota em outubro de 2025, destacando uma Grande Partida histórica em Barcelona e o aguardado duplo ataque ao Alpe d’Huez no último final de semana.

Essas subidas míticas representariam localizações ideais para qualquer experimento de bilheteria, dada a demanda massiva de espectadores e o espaço limitado nas estradas de montanha. No entanto, a posição firme da ASO indica que mesmo esses cenários icônicos permanecerão gratuitos e acessíveis.

Impacto da Decisão no Futuro do Esporte

A rejeição categórica da ASO à bilheteria estabelece um precedente importante para o futuro do ciclismo profissional. Como organizador das corridas mais prestigiadas do calendário, sua posição influencia decisões de outros promotores ao redor do mundo.

Se até mesmo o Tour de France — evento que gera centenas de milhões de euros e atrai milhões de espectadores — mantém acesso gratuito, dificilmente corridas menores conseguiriam justificar implementação de sistemas pagos.

Por outro lado, a decisão coloca pressão adicional sobre equipes e a UCI para encontrarem soluções criativas para a crise financeira que ameaça a sustentabilidade de diversos conjuntos do pelotão profissional.

Tradição Versus Sustentabilidade

O debate sobre bilheteria no ciclismo profissional encapsula uma tensão fundamental no esporte moderno: como equilibrar tradições queridas com realidades financeiras cada vez mais desafiadoras?

A ASO, através de Pierre-Yves Thoualt, deixou clara sua posição: o princípio do acesso gratuito é inegociável. Esta decisão protege uma das características mais democráticas e únicas do ciclismo — qualquer pessoa, independentemente de recursos financeiros, pode testemunhar os maiores atletas do mundo competindo.

No entanto, a crise financeira das equipes permanece sem solução clara. O colapso da Arkéa-B&B Hotels e as crescentes disparidades de orçamento demonstram que o status quo não é sustentável a longo prazo.

O futuro provavelmente exigirá soluções criativas que preservem a acessibilidade enquanto fortalecem a viabilidade financeira das equipes. Isso pode incluir redistribuição de direitos televisivos, criação de fundos solidários, ou desenvolvimento de novos fluxos de receita que não comprometam a essência democrática do esporte.

Por enquanto, os torcedores podem respirar aliviados: as estradas do Tour de France, Giro d’Italia e grandes clássicas permanecerão abertas e gratuitas, mantendo viva a tradição centenária que faz do ciclismo um dos esportes mais acessíveis e emocionantes do mundo.


Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Por que Jérôme Pineau sugeriu cobrar ingresso para assistir corridas de ciclismo?

Jérôme Pineau propôs o sistema de bilheteria como forma de fortalecer o modelo financeiro das equipes de ciclismo, que depende quase exclusivamente de patrocínio corporativo. Ele sugeriu cobrar entrada para os últimos cinco quilômetros de subidas importantes, argumentando que isso geraria receita significativa sem afetar o espetáculo.

2. Qual foi a resposta da ASO à proposta de bilheteria?

A ASO rejeitou categoricamente a ideia. Pierre-Yves Thoualt, diretor adjunto da seção de ciclismo, declarou que “o ciclismo é gratuito em sua essência” e que introduzir sistema de bilheteria está “absolutamente fora da agenda atual”. A organização defende que cobrar entrada afetaria o princípio fundamental de acesso democrático que caracteriza o esporte.

3. Já existem corridas de ciclismo que cobram ingresso atualmente?

Sim, mas de forma limitada. Experiências VIP pagas existem em várias corridas, como a Volta da Flandres, que oferece pacotes premium de mais de €700 com assentos reservados e hospitalidade. No ciclocross, tendas VIP são padrão. No entanto, essas opções premium coexistem com acesso gratuito da maioria dos espectadores nas margens das estradas.

4. Quanto as equipes de ciclismo profissional ganham atualmente?

As equipes do WorldTour dependem quase exclusivamente de patrocínio corporativo, com orçamentos anuais variando de €5 milhões a mais de €50 milhões. Diferentemente de esportes como futebol, equipes de ciclismo não recebem porcentagens de direitos televisivos ou receitas de bilheteria. Prêmios em dinheiro de corridas representam apenas pequena fração dos orçamentos totais.

5. O que aconteceu com a equipe Arkéa-B&B Hotels?

A equipe Arkéa-B&B Hotels colapsou financeiramente após seus patrocinadores principais retirarem apoio. Este caso ilustra a fragilidade do modelo financeiro atual do ciclismo profissional, onde equipes vivem constantemente à mercê da boa vontade de patrocinadores corporativos sem fluxos de receita diversificados ou previsíveis.

6. Richard Plugge sugeriu cobrar €10 nas montanhas. Por quê?

A proposta de Richard Plugge era diferente: cobrar €10 como depósito reembolsável, não necessariamente como fonte de receita. A ideia era desencorajar comportamentos perigosos de torcedores que causam acidentes. Os espectadores receberiam o dinheiro de volta ao descer se nenhum incidente ocorresse. A ASO também rejeitou essa abordagem.

7. Quanto dinheiro a ASO gera com o Tour de France?

A ASO teve receitas anuais de aproximadamente €220 milhões em 2016, com lucros de €45,9 milhões. O Tour de France representa cerca de 55% das operações da empresa. O Groupe Amaury (proprietário da ASO) reportou receitas de €550 milhões em 2023, com crescimento de 17% em relação ao ano anterior.

8. Quais outras corridas a ASO organiza além do Tour de France?

A ASO organiza diversas corridas importantes: Paris-Roubaix, Liège-Bastogne-Liège, Paris-Nice, Critérium du Dauphiné, além de participação na Vuelta a España. Fora do ciclismo, organiza o Rally Dakar, Maratona de Paris e eventos de golfe e vela. A empresa gerencia cerca de 240 dias de competição por ano em 90 eventos distribuídos por 25 países.

9. Por que algumas corridas da ASO operam com prejuízo?

Corridas menores como o Critérium du Dauphiné têm orçamentos limitados (cerca de €2 milhões) e mal conseguem empatar financeiramente, gerando lucros mínimos. Acredita-se que o lucro do Tour de France subsidie essas outras corridas. O modelo atual prioriza prestígio e tradição sobre lucratividade em eventos secundários.

10. Quais alternativas existem para melhorar as finanças das equipes?

Especialistas sugerem várias alternativas: redistribuição de direitos de TV (compartilhar porcentagem com equipes), implementação de teto salarial para equilibrar competição, criação de fundo solidário alimentado por taxas de organizadores, aumento de prêmios em dinheiro, e desenvolvimento de sistemas para equipes monetizarem suas marcas e conteúdo digital mais efetivamente.

11. O que Marc Madiot pensa sobre cobrar ingresso em corridas?

Marc Madiot, gerente da Groupama-FDJ, apoia firmemente a gratuidade do acesso. Ele declarou: “O ciclismo é um esporte gratuito e isso ajuda no seu sucesso. Vamos mantê-lo assim”. Madiot representa a visão tradicional de que a acessibilidade democrática é fundamental para a identidade do ciclismo.

12. Existe risco de equipes falirem devido à crise financeira?

Sim, o risco é real. Além da Arkéa-B&B Hotels, várias equipes lutam anualmente para encontrar e manter patrocinadores. A crescente disparidade entre equipes ricas (apoiadas por estados ou multinacionais) e aquelas com recursos limitados cria ambiente insustentável. Vincent Lavenu alertou que equipes dependem excessivamente de patrocinadores, sem receitas alternativas previsíveis.

13. Como funciona a distribuição de prêmios no Tour de France?

O Tour de France distribui aproximadamente €2,3 milhões em prêmios totais, divididos entre vencedores de etapas, líderes de classificações e posições finais. No entanto, esses valores representam apenas fração mínima dos orçamentos das equipes (5-10% no máximo). O vencedor geral recebe cerca de €500.000, mas tradicionalmente divide com companheiros de equipe.

14. Por que o ciclismo não segue o modelo de receitas do futebol?

A estrutura histórica do ciclismo evoluiu de forma diferente. Corridas surgiram como promoções de jornais (como L’Auto criando o Tour em 1903) e sempre foram eventos “de rua” gratuitos. Organizadores mantêm controle sobre direitos de TV e comercialização, enquanto equipes fornecem os atletas. Mudar essa estrutura exigiria negociações complexas e provavelmente resistência dos organizadores.

15. O que acontecerá com o acesso gratuito no futuro?

A posição firme da ASO sugere que o acesso gratuito permanecerá no curto a médio prazo. Como maior organizador de corridas do mundo, sua decisão estabelece precedente para outros promotores. No entanto, a pressão financeira sobre equipes continuará exigindo soluções criativas. É provável que experiências VIP premium se expandam, mas o acesso básico às estradas deve permanecer gratuito.

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