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Copa do Mundo de Cyclocross: O Domínio Absoluto do Big 3 Chegou ao Fim?

A temporada 2024-2025 da Copa do Mundo de Cyclocross traz a grande questão: o domínio absoluto do Big 3 – Mathieu van der Poel, Wout van Aert e Tom Pidcock – chegou ao fim? Descubra como van der Poel igualou o recorde histórico de 7 títulos mundiais, por que van Aert luta para reconquistar sua forma.

Copa do Mundo de Cyclocross

A temporada 2024-2025 da Copa do Mundo de Cyclocross da UCI trouxe uma pergunta que reverbera pelos circuitos lamacentos da Europa: ainda testemunhamos a era de ouro do chamado “Big 3” ou presenciamos o início de uma nova ordem no cyclocross mundial? Com Mathieu van der Poel igualando recordes históricos, Wout van Aert lutando para reconquistar sua forma e Tom Pidcock mantendo um calendário seletivo, o cenário competitivo nunca esteve tão intrigante.

A Temporada Que Redefine Hegemonias

Quando a Copa do Mundo UCI de Cyclocross iniciou em novembro de 2024, o pelotão internacional sabia que enfrentaria mais uma demonstração de superioridade técnica dos três maiores nomes do esporte. Porém, diferentemente das temporadas anteriores, a presença esporádica desses gigantes abriu espaço para revelações surpreendentes e batalhas intensas pelo pódio.

A temporada trouxe um formato condensado com 12 etapas atravessando seis países, embora uma corrida na Sardenha tenha sido cancelada devido às condições climáticas adversas. Esta mudança estratégica buscou criar um calendário mais compacto, permitindo que os atletas de estrada como van der Poel, van Aert e Pidcock pudessem selecionar cuidadosamente suas participações.

Mathieu van der Poel: O Rei Incontestável do Cyclocross

Se existe alguém que personifica a dominância absoluta no cyclocross moderno, esse nome é Mathieu van der Poel. O holandês de 30 anos não apenas conquistou seu sétimo título mundial consecutivo em fevereiro de 2025 em Liévin, França, como igualou o lendário recorde de Erik De Vlaeminck que permanecia intocado desde 1973.

A campanha impecável de van der Poel na temporada 2024-2025 foi simplesmente espetacular: vitória em todas as oito corridas disputadas. Seu retorno ao cyclocross aconteceu estrategicamente durante o período natalino, competindo em eventos selecionados que incluíram a Copa do Mundo de Zonhoven, Superprestige em Mol, e corridas emblemáticas como Gavere e Dendermonde.

“Quando você se torna profissional, sonha em conquistar um título mundial”, refletiu van der Poel após sua sétima conquista. “Mal consigo acreditar que este é meu sétimo. Esse recorde estava de pé há muito tempo.”

O domínio do holandês no cyclocross é tão impressionante que ele praticamente não conhece derrotas quando decide competir. Desde 2019, van der Poel conquistou todos os títulos mundiais, exceto em 2022, quando Tom Pidcock levou o ouro nos Estados Unidos enquanto o holandês e van Aert optaram por não fazer a longa viagem transatlântica.

A Estratégia Seletiva e o Foco nos Objetivos

Van der Poel não esconde que sua abordagem ao cyclocross é cirurgicamente calculada. “Escolhi deliberadamente corridas que me favorecem particularmente bem”, explicou o campeão. “Tenho a sorte de ter liberdade para escolher as corridas que mais gosto. Não é coincidência que várias corridas típicas de areia, como Zonhoven, Mol e Koksijde, estejam no cronograma.”

Seu calendário de 11 eventos foi meticulosamente planejado com um único objetivo em mente: conquistar o oitavo título mundial em 2026, que acontecerá em solo holandês, em Hulst. “O Campeonato Mundial em Liévin foi o único objetivo real, embora eu esperasse competir pela vitória em todas as outras corridas em que participei”, afirmou categoricamente.

Wout van Aert: A Busca Pela Redenção

Enquanto van der Poel coleciona títulos com aparente facilidade, Wout van Aert enfrenta o desafio mais complexo de sua carreira no cyclocross. O belga de 30 anos, tricampeão mundial (com sua última conquista datando de 2018), voltou à disciplina após períodos focados no ciclismo de estrada, mas não conseguiu reconquistar o brilho que o tornou lenda.

Na temporada 2024-2025, van Aert competiu em apenas cinco corridas de cyclocross, conquistando duas vitórias, mas perdendo ambos os confrontos diretos contra van der Poel. No Mundial de Liévin, o belga terminou a 45 segundos do campeão, uma distância considerável que evidencia o gap atual entre os dois rivais históricos.

Apesar dos desafios, van Aert mantém uma postura otimista: “Estou me sentindo bem e meu inverno tem sido positivo. O campeonato mundial só recentemente entrou na minha mente, e após Maasmechelen, o treinador da equipe belga e eu decidimos competir.” O corredor da Visma-Lease a Bike acumulou quatro medalhas de prata desde sua última conquista do arco-íris, sempre com van der Poel à sua frente.

O Início Complicado em Liévin

O Mundial de 2025 exemplificou perfeitamente os desafios de van Aert. Largando da quarta fila após um sorteio desfavorável, o belga sofreu uma queda na primeira volta que rasgou seu uniforme e o deixou inicialmente em 16º lugar, a 46 segundos do líder. Mesmo com uma recuperação notável que o levou ao segundo lugar, a batalha aguardada com van der Poel nunca se materializou verdadeiramente.

“Sinto-me animado para competir em uma corrida tão bonita, e acho que esse impulso extra está me fazendo bem na preparação para objetivos maiores na estrada”, declarou van Aert, deixando claro que o cyclocross serve como preparação fundamental para sua temporada no asfalto.

Tom Pidcock: O Terceiro Elemento da Trinca de Ouro

O britânico Tom Pidcock, campeão mundial de 2022, representa o terceiro pilar do chamado “Big 3”, embora sua presença no cyclocross seja ainda mais esporádica que a de seus rivais. O corredor de 26 anos mantém uma abordagem extremamente seletiva, priorizando eventos específicos que se encaixam perfeitamente em sua periodização para o ciclismo de estrada e mountain bike.

A ausência de Pidcock em grande parte do calendário de cyclocross 2024-2025 não diminui seu impacto histórico na modalidade. Sua vitória mundial em 2022, conquistada nos Estados Unidos enquanto van der Poel e van Aert decidiram não viajar, quebrou uma sequência de domínio que os dois haviam estabelecido desde 2014, quando Zdenek Stybar foi o último não membro do trio a conquistar o arco-íris.

Pidcock confirmou um calendário de 22 corridas de cyclocross que mistura eventos selecionados da Copa do Mundo com datas do X²O e Superprestige, culminando no Mundial de fevereiro. Sua presença estratégica mantém viva a possibilidade de confrontos memoráveis, especialmente em circuitos técnicos onde suas habilidades de mountain bike fazem diferença crucial.

A Nova Geração Bate às Portas

Com o “Big 3” mantendo calendários reduzidos e seletivos, uma nova safra de talentos aproveita para brilhar e conquistar espaço no cenário internacional. Estes jovens corredores não apenas preenchem o vazio deixado pelos gigantes, mas demonstram que o futuro do cyclocross está em mãos extremamente promissoras.

Thibau Nys: O Herdeiro Aparente

Thibau Nys, filho da lenda Sven Nys, emerge como o nome mais cotado para herdar o trono quando o “Big 3” eventualmente se aposentar do cyclocross. Aos 22 anos, o belga conquistou seu primeiro bronze mundial em Liévin, terminando a 1 minuto e 6 segundos de van der Poel, mas consolidando sua posição entre a elite absoluta.

Durante a temporada, Nys quebrou seu jejum na Copa do Mundo com uma vitória impressionante em Waterloo, aproveitando suas habilidades técnicas superiores e problemas de equipamento de Eli Iserbyt para completar um solo magistral. Com 43 pontos acumulados no circuito mundial, Nys demonstra consistência e capacidade de disputar vitórias contra qualquer adversário quando o “Big 3” não está presente.

Michael Vanthourenhout: A Consistência Recompensada

Aos 31 anos, Michael Vanthourenhout finalmente conquistou seu primeiro título geral da Copa do Mundo de Cyclocross na categoria elite masculina, uma década após dominar a categoria Sub-23. O belga da Pauwels Sauzen-Bingoal manteve a liderança desde sua vitória em Dublin (segunda etapa) até Hoogerheide, demonstrando regularidade invejável.

“Sou um garoto feliz”, declarou Vanthourenhout com um sorriso após garantir o título. “É minha primeira vitória na classificação geral da carreira, então é muito bonito. É uma das mais altas GC possíveis que você pode vencer, então estou muito feliz.”

Outros Nomes em Ascensão

Cameron Mason, tricampeão britânico de cyclocross, já alcançou pódios na temporada e representa a esperança do Reino Unido de produzir mais campeões após Pidcock. Tibor Del Grosso, bicampeão mundial Sub-23, iniciou a temporada com oito vitórias consecutivas e anseia por testar suas capacidades contra os veteranos consagrados.

Veteranos estabelecidos como Lars van der Haar, Laurens Sweeck, Eli Iserbyt, Joris Nieuwenhuis e o recém-coroado campeão europeu Toon Aerts continuam arranhando posições no pódio durante toda a temporada, garantindo que cada corrida sem o “Big 3” se torne uma batalha épica e imprevisível.

Fem van Empel: A Rainha Absoluta do Feminino

Se no masculino o domínio de van der Poel impressiona, no feminino Fem van Empel está construindo um legado ainda mais avassalador. A holandesa de 22 anos conquistou seu terceiro título mundial consecutivo em fevereiro de 2025, juntando-se a Marianne Vos e Sanne Cant como as únicas ciclistas a dominar a categoria por três anos seguidos.

A campanha de van Empel na temporada 2024-2025 foi simplesmente espetacular: 19 vitórias em 21 corridas durante o inverno, estabelecendo uma taxa de sucesso assustadora de mais de 90%. Sua dominação atravessa todas as superfícies e condições, desde os circuitos técnicos e lamacentos da Bélgica até as areias desafiadoras da costa holandesa.

A Batalha Épica de Liévin

Diferentemente da corrida masculina, que viu van der Poel dominar do início ao fim, a prova feminina do Mundial ofereceu um espetáculo dramático. Van Empel e Lucinda Brand protagonizaram uma batalha intensa por mais de três voltas, trocando golpes como boxeadoras em uma luta pelo título dos pesos-pesados.

“Realmente tive que ir fundo para isso”, explicou van Empel após a conquista. “Foi uma batalha dura e mentalmente foi bastante difícil. Isso é muito emocional. Lucinda foi uma grande competidora hoje. Tenho muito respeito por ela e também estou feliz por ela com o pódio.”

A vitória histórica consolidou van Empel não apenas como a melhor de sua geração, mas potencialmente como uma das maiores ciclocrossistas de todos os tempos. Com apenas 22 anos e já três títulos mundiais no currículo, ela tem todo o tempo para perseguir o recorde absoluto de Marianne Vos, que conquistou oito títulos mundiais.

Lucinda Brand: A Consistência que Conquista

Apesar de não conseguir superar van Empel no Mundial, Lucinda Brand teve uma temporada extraordinária, conquistando seu terceiro título geral da Copa do Mundo de Cyclocross feminina. A holandesa de 35 anos subiu ao pódio em todas as 11 etapas da competição: três vitórias, seis segundos lugares e duas terceiras colocações.

“Acho que é loucura”, disse Brand sobre sua consistência impressionante. “Claro, tive temporadas em que venci muito mais, mas o nível definitivamente mudou, então, dessa perspectiva, acho que é definitivamente uma das melhores temporadas que fiz.”

Brand dominou o ranking final da Copa do Mundo com 350 pontos contra 276 de van Empel, que conquistou quatro vitórias na campanha. A diferença? Van Empel participa de menos eventos, selecionando estrategicamente suas aparições, enquanto Brand compete com frequência muito maior, acumulando pontuações consistentes.

Puck Pieterse: O Bronze Promissor

Puck Pieterse completou o pódio totalmente holandês em Liévin, replicando a mesma classificação do ano anterior. A jovem ciclista consolida-se como a terceira força do cyclocross feminino mundial, sempre presente nas posições de destaque e representando uma ameaça real em qualquer circuito técnico.

A Resposta à Pergunta: O Big 3 Acabou?

Então, voltando à questão inicial: a era do “Big 3” realmente chegou ao fim? A resposta é complexa e matizada.

No contexto da Copa do Mundo, sim, essa era está definitivamente em declínio. Com van der Poel conquistando apenas um título da Copa do Mundo em toda sua carreira, van Aert com três títulos desde 2015, e Pidcock sem nenhum, fica claro que a competição sazonal não é a prioridade para esses gigantes. O formato de pontuação acumulada favorece a consistência ao longo de múltiplas corridas, algo que nenhum dos três prioriza.

Nos Campeonatos Mundiais, entretanto, a resposta é um retumbante não. O trio monopolizou completamente os últimos 11 títulos mundiais elite masculino. Van der Poel está em uma trajetória para conquistar um oitavo título recorde em 2026, van Aert possui três arco-íris e busca reconquistar a forma que o tornou lenda, e Pidcock tem um título e representa sempre uma ameaça quando decide competir.

O que realmente mudou foi a natureza da dominação. Nos primeiros anos do “Big 3”, víamos batalhas épicas entre os três em praticamente todas as corridas importantes. Agora, presenciamos domínios individuais esmagadores quando qualquer um deles decide competir, mas raramente vemos confrontos diretos entre todos simultaneamente.

O Calendário Compacto e Suas Consequências

A decisão da UCI de reduzir o calendário da Copa do Mundo de 14 para 12 eventos busca criar uma temporada mais compacta e permitir que as estrelas do ciclismo de estrada participem de mais corridas sem comprometer sua preparação para a temporada rodoviária. Paradoxalmente, isso pode ter diminuído ainda mais a presença do “Big 3”.

Van der Poel deixa claro que sua única meta real no cyclocross são os títulos mundiais: “O Campeonato Mundial é a única coisa que ainda preciso alcançar no cyclocross: esse recorde único de Erik De Vlaeminck.” Essa declaração resume perfeitamente a mentalidade dos três maiores nomes do esporte – eles buscam glória imortal, não pontos acumulados.

O Futuro do Cyclocross: Entre Tradição e Renovação

O cyclocross encontra-se em um momento fascinante de sua história. Por um lado, o esporte celebra a presença de três dos maiores talentos que o ciclismo já produziu, atletas capazes de dominar múltiplas disciplinas e trazer holofotes internacionais para corridas em campos lamacentos da Bélgica e Holanda.

Por outro lado, a presença intermitente desses superastros abre espaço para uma nova geração desenvolver suas habilidades, conquistar vitórias significativas e construir suas próprias narrativas heroicas. Vanthourenhout não teria conquistado o título da Copa do Mundo se estivesse competindo contra van der Poel em tempo integral. Nys não teria tantas oportunidades de pódio. Brand não dominaria tão completamente o ranking feminino.

Esta dualidade cria um ecossistema único onde dois níveis de competição coexistem: as corridas “normais” onde a nova guarda batalha ferozmente por vitórias e pontos, e os eventos especiais onde o “Big 3” aparece e eleva instantaneamente o nível competitivo a patamares estratosféricos.

O Papel dos Eventos Protegidos

A UCI implementou o conceito de “eventos protegidos” na Copa do Mundo, onde nenhuma outra corrida internacional pode ser agendada no dia anterior ou no dia do evento. Esta mudança busca garantir que os melhores talentos estejam disponíveis para os eventos principais, mas seu impacto real na presença das superestrelas ainda está sendo avaliado.

Van der Poel, van Aert e Pidcock continuam escolhendo suas corridas baseados em critérios pessoais: preparação para a temporada de estrada, preferências de circuito, e proximidade geográfica. Nenhum evento protegido da Copa do Mundo consegue forçá-los a comparecer se isso não se encaixa em seus planos maiores.

A Temporada 2025-2026: O Que Esperar?

Olhando para o futuro, a temporada 2025-2026 promete momentos eletrizantes. Van der Poel já confirmou que retornará ao cyclocross durante o período natalino, com sua equipe Alpecin-Deceuninck indicando que “por volta do Natal, o veremos em algum lugar.”

O grande objetivo é claro: conquistar o oitavo título mundial recorde em Hulst, Holanda, em fevereiro de 2026. Competindo em solo holandês, com o apoio ensurdecedor da torcida local, van der Poel terá todas as condições para superar definitivamente o recorde de De Vlaeminck e cimentar seu legado como o maior ciclocrossista masculino de todos os tempos.

Van Aert certamente estará presente, buscando finalmente quebrar a sequência de derrotas para seu rival histórico. Pidcock pode aparecer como o wildcard capaz de surpreender ambos em um dia especialmente inspirado. E a nova geração estará afiada e pronta para aproveitar qualquer vacilo dos gigantes.

Fem van Empel e o Recorde de Vos

No feminino, todas as atenções se voltam para van Empel e sua busca pelo recorde de Marianne Vos. Com três títulos aos 22 anos, a holandesa tem uma década inteira pela frente para acumular conquistas. Se mantiver a saúde e a motivação, não seria surpreendente vê-la igualar ou mesmo superar as oito conquistas mundiais de Vos.

Brand continuará sendo sua principal rival, trazendo experiência, inteligência tática e uma regularidade invejável. Pieterse se desenvolve a cada temporada e pode estar a um passo de quebrar o duopólio holandês. E novas talentosas como a canadense Rafaelle Carrier, que dominou a categoria júnior, começam a pressionar pela elite.

Uma Era de Transição Fascinante

A pergunta sobre o fim da era do “Big 3” não tem uma resposta simples porque estamos testemunhando algo único: uma transição gradual onde os titãs ainda reinam supremos quando decidem competir, mas sua ausência frequente permite que uma nova geração desenvolva e brilhe.

Van der Poel continua invicto quando compete, van Aert busca reconquistar sua melhor forma, e Pidcock mantém sua presença estratégica. Enquanto isso, Nys, Vanthourenhout, Mason e outros constroem suas próprias lendas nas corridas onde o “Big 3” não aparece.

No feminino, van Empel estabelece um novo padrão de dominação, enquanto Brand prova que consistência e longevidade têm seu próprio valor. A qualidade técnica e física do cyclocross nunca esteve tão elevada, com atletas treinando especificamente para a disciplina e elevando o nível competitivo a cada temporada.

O que podemos afirmar com certeza é que o cyclocross está mais emocionante, imprevisível e competitivo do que nunca. Seja nos confrontos diretos raros entre os gigantes, seja nas batalhas intensas da nova guarda, cada corrida oferece drama, superação e momentos memoráveis que justificam por que este esporte conquista mais fãs a cada inverno europeu.

A era do “Big 3” está se transformando, não terminando. E essa transição pode ser exatamente o que o cyclocross precisa para garantir um futuro brilhante, onde múltiplas gerações de talentos coexistem e elevam o esporte a novos patamares de excelência e popularidade global.


Perguntas Frequentes sobre Cyclocross e o Big 3

1. Quem são os integrantes do “Big 3” do cyclocross?

O “Big 3” do cyclocross moderno é composto por Mathieu van der Poel (Holanda), Wout van Aert (Bélgica) e Tom Pidcock (Reino Unido). Estes três ciclistas dominaram completamente os últimos 11 títulos mundiais da categoria elite masculina, com van der Poel conquistando sete títulos, van Aert três e Pidcock um. Nenhum outro ciclista conseguiu conquistar o arco-íris desde Zdenek Stybar em 2014.

2. Quantas etapas tem a Copa do Mundo de Cyclocross?

A temporada 2024-2025 da Copa do Mundo UCI de Cyclocross foi programada para ter 12 etapas, distribuídas por seis países diferentes. Esta é uma redução em relação às 14 etapas de edições anteriores, parte de uma estratégia da UCI para criar um calendário mais compacto. No entanto, a temporada teve apenas 11 etapas efetivamente realizadas, pois a terceira etapa na Sardenha, Itália, foi cancelada devido a condições climáticas severas.

3. Mathieu van der Poel é o maior ciclocrossista de todos os tempos?

Mathieu van der Poel já pode ser considerado um dos maiores, senão o maior ciclocrossista masculino da história. Aos 30 anos, ele já conquistou sete títulos mundiais, igualando o recorde histórico de Erik De Vlaeminck estabelecido entre 1966 e 1973. Van der Poel venceu todos os mundiais entre 2019 e 2025, exceto 2022 quando não competiu. Se conquistar o oitavo título em 2026, ele se tornará isoladamente o maior campeão mundial masculino da história do cyclocross. Seu domínio técnico, versatilidade e taxa de vitórias quando decide competir são simplesmente incomparáveis.

4. Por que o Big 3 compete em tão poucas corridas de cyclocross?

Van der Poel, van Aert e Pidcock são primariamente ciclistas de estrada profissionais que usam o cyclocross como preparação para a temporada rodoviária. Eles competem seletivamente no inverno para: (1) manter a forma física específica, (2) trabalhar habilidades técnicas, (3) competir em eventos que realmente valorizam, geralmente o Campeonato Mundial. Seus calendários no cyclocross são estrategicamente reduzidos para não comprometer a preparação para objetivos maiores na estrada, como as Clássicas de Primavera e Grandes Voltas. Van der Poel, por exemplo, competiu em apenas 11 eventos na temporada 2024-2025, priorizando qualidade sobre quantidade.

5. Quem é Fem van Empel e por que ela é tão dominante?

Fem van Empel é uma ciclista holandesa de 22 anos que se estabeleceu como a maior ciclocrossista feminina de sua geração. Ela conquistou três títulos mundiais consecutivos (2023, 2024 e 2025) e dominou a temporada 2024-2025 com incríveis 19 vitórias em 21 corridas. Sua dominação se deve a uma combinação excepcional de potência física, habilidade técnica superior, capacidade de manter altas velocidades em terrenos variados e mentalidade competitiva implacável. Aos 22 anos, ela já está perseguindo o recorde de oito títulos mundiais de Marianne Vos.

6. Qual a diferença entre Copa do Mundo e Campeonato Mundial de Cyclocross?

A Copa do Mundo de Cyclocross é uma competição sazonal de pontos acumulados com múltiplas etapas (11-12 corridas) realizadas entre novembro e janeiro. O campeão é determinado pela soma de pontos ao longo da temporada, premiando consistência. Já o Campeonato Mundial é um evento único realizado em fevereiro, onde tudo se decide em uma única corrida. O campeão mundial recebe o prestigiado “arco-íris” (camisa listrada) que pode usar durante todo o ano seguinte. Para o “Big 3”, o Mundial tem muito mais prestígio e importância que o título da Copa do Mundo.

7. Quem são os principais candidatos a suceder o Big 3?

Vários nomes emergem como potenciais sucessores: Thibau Nys (Bélgica, 22 anos) é o candidato mais forte, filho de uma lenda do esporte e já com bronze mundial. Cameron Mason (Reino Unido) representa a esperança britânica pós-Pidcock. Tibor Del Grosso (Holanda), bicampeão mundial Sub-23, impressiona com oito vitórias consecutivas. Veteranos estabelecidos como Michael Vanthourenhout, Lars van der Haar, Eli Iserbyt e Laurens Sweeck continuam competitivos e conquistam vitórias importantes quando o Big 3 não está presente.

8. Wout van Aert ainda pode vencer Mathieu van der Poel?

Tecnicamente sim, embora seja cada vez mais difícil. Van Aert demonstrou no Mundial de 2025 que ainda possui qualidade para terminar em segundo lugar mesmo após uma queda na primeira volta. Seu último título mundial foi em 2018, e desde então acumulou quatro pratas, sempre atrás de van der Poel. Para vencer o holandês, van Aert precisaria de uma combinação perfeita de: forma física excepcional, dia ruim de van der Poel (extremamente raro), circuito que favoreça suas características, e provavelmente algum azar do rival. Não é impossível, mas os números mostram um gap significativo entre os dois atualmente.

9. Como funciona a pontuação da Copa do Mundo de Cyclocross?

Na Copa do Mundo de Cyclocross, apenas os 25 primeiros colocados de cada corrida recebem pontos (diferente de antes, quando os top 50 pontuavam). O vencedor recebe 40 pontos, o segundo lugar 30, terceiro 25, e assim sucessivamente até o 25º colocado que recebe 1 ponto. Uma regra crucial: apenas os quatro melhores resultados de cada ciclista contam para a classificação final. Isso significa que um corredor pode ter um dia ruim sem comprometer completamente suas chances de título, mas também precisa ser consistente em pelo menos quatro corridas diferentes.

10. Vale a pena começar a assistir cyclocross agora?

Absolutamente! O cyclocross está em um momento fascinante de sua história. Você testemunhará potencialmente as últimas temporadas de domínio absoluto do “Big 3”, especialmente van der Poel buscando o recorde histórico de oito títulos mundiais. Simultaneamente, uma nova geração emocionante está emergindo, criando batalhas intensas em cada corrida. O esporte oferece ação condensada (corridas de 50-60 minutos), drama constante, habilidades técnicas impressionantes, e acessibilidade única – muitos eventos são transmitidos gratuitamente no YouTube da UCI. As corridas de inverno na lama e neve criam cenários épicos que prendem a atenção de qualquer fã de esportes de resistência.

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