O mercado de transferências do ciclismo profissional já começou a se movimentar pensando na temporada de 2026, e diversos especialistas em corridas clássicas estarão disponíveis para negociação. Desde jovens talentos emergentes até veteranos experientes, o cenário promete mudanças significativas que podem redefinir o equilíbrio de forças nas provas de um dia.
Enquanto 2026 mal começou a ser desenhado no calendário, as equipes WorldTour já planejam suas formações para o ano seguinte. O foco está especialmente nos corredores de clássicas – aqueles guerreiros das pedras belgas e dos muros das Ardenas que fazem a diferença nas Monumentos e nas provas mais prestigiadas do calendário.
Florian Vermeersch: O Novo Campeão Mundial de Gravel em Encruzilhada
Aos 26 anos, o belga Florian Vermeersch vive um momento peculiar em sua carreira. Atualmente defendendo as cores da UAE Team Emirates-XRG, o recém-coroado campeão mundial de gravel não conquistou vitórias no asfalto em 2025, mas sua temporada está longe de ser considerada um fracasso.
Durante toda a primavera, Vermeersch desempenhou papel fundamental como gregário de luxo para Tadej Pogačar, culminando com um impressionante quinto lugar na Paris-Roubaix. Sua consistência de fevereiro a outubro demonstrou versatilidade e capacidade de manter alto nível durante toda a temporada – qualidades cada vez mais valorizadas no pelotão moderno.
O grande dilema do belga reside na estrutura em que se encontra. Na equipe mais rica do mundo, com Pogačar dominando as clássicas da primavera, Vermeersch sempre será coadjuvante. A possibilidade de transformar seus top 5 em vitórias parece distante enquanto vestir as cores emiradenses. Porém, arrancar o ciclista de uma estrutura tão financeiramente poderosa representa desafio monumental para qualquer equipe interessada.
Vale destacar que Nils Politt, outro especialista em clássicas da UAE, também ficará sem contrato ao final de 2026, o que pode criar oportunidades interessantes no mercado.
Kasper Asgreen: Renascimento Após Temporada Difícil
O dinamarquês Kasper Asgreen, aos 30 anos, representa um caso intrigante no mercado. Atualmente na EF Education-EasyPost, o vencedor da Tour de Flandres 2021 viu 2025 começar de forma frustrante.
Uma doença no início do ano o privou de sua melhor forma justamente durante as clássicas da primavera – período crucial para qualquer especialista em provas de um dia. O dinamarquês foi forçado a assistir de fora enquanto o pelotão brigava pelos paralelepípedos belgas e pelos muros flamengos.
Seu retorno em maio, entretanto, foi memorável. Uma vitória de etapa no Giro d’Italia rumo a Nova Gorica relembrou ao mundo do ciclismo a classe que Asgreen possui. No Tour de France, desempenhou papel sólido como gregário, mostrando que a forma estava voltando gradualmente.
Para 2026, a expectativa é que Asgreen chegue à primavera em condições ideais de competir. Sua experiência, palmarés respeitável e versatilidade o tornam peça desejável para equipes que buscam reforçar seus esquadrões de clássicas. A questão será: ele permanecerá na EF ou buscará novo projeto onde possa assumir liderança total nas cobbles?
O Cenário Atual das Transferências no Ciclismo Profissional
O mercado de transferências para 2026 já movimentou cifras impressionantes e nomes de peso. A transferência mais comentada foi certamente a de Remco Evenepoel para a Red Bull-Bora-hansgrohe, deixando a Soudal Quick-Step após sete temporadas.
A Decathlon AG2R La Mondiale fez investimentos pesados, garantindo Olav Kooij como seu principal velocista por três temporadas, com salário de €3 milhões por ano. O investimento total da equipe francesa saltou de €28 milhões para €40 milhões, aproximando-a das gigantes Emirates, Visma e Ineos.
A Q36.5 Pro Cycling também se movimentou agressivamente, contratando diversos talentos como Sam Bennett, Tom Gloag, Fred Wright, Eddie Dunbar e Quinten Hermans, consolidando-se como força emergente no pelotão.
Especialistas em Clássicas: Perfil Valioso no Mercado
Os corredores especializados em clássicas de primavera representam categoria particular no mercado de transferências. Diferentemente dos escaladores puros ou velocistas de sprint, esses atletas precisam combinar múltiplas qualidades:
- Potência para enfrentar setores de paralelepípedos
- Capacidade técnica para descer e fazer curvas em alta velocidade
- Resistência para corridas de 250-300km
- Explosão para ataques decisivos
- Experiência tática para ler a corrida
Equipes como Soudal Quick-Step, Alpecin-Deceuninck e Lidl-Trek historicamente investem pesado nesse perfil de corredor, buscando dominar as cinco Monumentos e as clássicas belgas e holandesas.
Veteranos em Busca de Último Grande Contrato
Diversos corredores na faixa dos 30-35 anos estarão disponíveis, representando oportunidade para equipes que buscam experiência imediata. Esses veteranos já provaram seu valor nas maiores corridas do mundo e podem oferecer liderança tanto dentro quanto fora da bicicleta.
O desafio para esses atletas será encontrar equipes dispostas a oferecer contratos plurianuais com valores competitivos. Em mercado cada vez mais focado em jovens talentos, os veteranos precisam demonstrar que ainda têm combustível no tanque para justificar investimentos significativos.
Jovens Promessas Buscando Protagonismo
Do outro lado do espectro estão os jovens talentos – corredores na faixa dos 23-27 anos que já demonstraram potencial mas ainda não conseguiram breakthrough definitivo. Esses atletas buscam equipes onde possam assumir liderança e finalmente transformar resultados promissores em vitórias de prestígio.
Para as equipes, representam aposta estratégica. O investimento inicial pode ser menor que contratar estrela estabelecida, mas o potencial de valorização é enorme se o corredor deslanchar nas próximas temporadas.
Impacto das Mudanças de Equipes
As discussões sobre possíveis fusões e encerramentos de equipes adicionam camada extra de complexidade ao mercado. Rumores persistentes sobre o futuro da Arkéa-B&B Hotels e a potencial fusão entre Lotto e Intermarché-Wanty deixam diversos corredores em situação de incerteza.
Essas movimentações estruturais podem liberar talentos inesperados para o mercado, criando oportunidades tanto para corredores quanto para equipes que souberem aproveitar o momento.
Fatores que Influenciam as Negociações
Diversos elementos pesam nas negociações de transferências no ciclismo moderno:
1. Valor financeiro: Os salários no ciclismo profissional dispararam nos últimos anos, com as equipes mais ricas oferecendo contratos milionários para estrelas comprovadas.
2. Estrutura da equipe: Corredores avaliam não apenas salário, mas também qualidade do material, equipe técnica, médica e de performance disponível.
3. Objetivos de corrida: A possibilidade de liderar em grandes objetivos pesa significativamente, especialmente para corredores que buscam dar próximo passo na carreira.
4. Duração do contrato: Contratos mais longos oferecem estabilidade, mas menos flexibilidade. Corredores jovens frequentemente preferem acordos mais curtos para renegociar após valorizarem.
5. Compatibilidade com companheiros: A química com outros corredores e staff técnico pode fazer diferença entre ambiente positivo e tóxico.
Tendências do Mercado Para 2027
Observando as movimentações recentes, algumas tendências ficam evidentes:
Valorização de corredores completos: Atletas versáteis, capazes de competir tanto em clássicas quanto dar apoio em Grandes Voltas, estão cada vez mais valorizados.
Investimento em ciência: Equipes que oferecem estrutura de ponta em treinamento, nutrição e análise de dados atraem talentos mesmo com salários ligeiramente menores.
Foco em resultados imediatos: Com pressão de patrocinadores, equipes buscam corredores que possam entregar vitórias rapidamente, não apenas promessas futuras.
Nacionalidade importa: Equipes com patrocinadores locais frequentemente priorizam corredores do mesmo país para maximizar exposição e conexão com público.
Temporada 2027 Promete Ser Empolgante
Com tantos especialistas em clássicas disponíveis para 2027, o mercado de transferências promete ser dos mais movimentados dos últimos anos. A combinação de veteranos experientes buscando último grande contrato, jovens talentos ansiosos por protagonismo e mudanças estruturais no pelotão cria cenário único.
Para os fãs das corridas clássicas, as mudanças significam nova dinâmica nas disputas por vitórias em Paris-Roubaix, Tour de Flandres, Liège-Bastogne-Liège e outras provas icônicas. Equipes reformuladas tentarão quebrar hegemonia das potências tradicionais, enquanto estrelas estabelecidas buscarão manter domínio.
Nos próximos meses, acompanharemos com atenção cada anúncio, cada rumor e cada movimentação. O xadrez das transferências está apenas começando, e as peças ainda estão sendo posicionadas no tabuleiro do ciclismo profissional.
FAQ – Perguntas Frequentes Sobre Transferências no Ciclismo
1. Como funciona o mercado de transferências no ciclismo profissional?
O mercado de transferências no ciclismo segue regras estabelecidas pela UCI (União Ciclística Internacional). A janela oficial de negociações abre em 1º de agosto de cada ano, quando corredores e equipes podem anunciar publicamente acordos para a temporada seguinte. Os contratos devem ser registrados na UCI até outubro para garantir que os corredores possam competir na nova equipe.
2. Por que especialistas em clássicas são tão valorizados no mercado?
Corredores de clássicas são valorizados porque competem nas provas de um dia mais prestigiadas do calendário, incluindo as cinco Monumentos. Uma vitória nessas corridas traz imenso prestígio e visibilidade para as equipes. Além disso, esses atletas geralmente são versáteis e podem contribuir em diferentes tipos de corrida ao longo da temporada.
3. Quanto ganha um corredor especialista em clássicas no WorldTour?
Os salários variam enormemente conforme o palmarés e potencial do corredor. Estrelas estabelecidas como van der Poel ou van Aert ganham entre €3-5 milhões por ano. Corredores de segundo escalão ficam na faixa de €500 mil a €1,5 milhão, enquanto jovens promessas começam com €150-400 mil anuais.
4. Quais equipes investem mais em corredores de clássicas?
Tradicionalmente, equipes belgas e holandesas lideram os investimentos em especialistas de clássicas. Soudal Quick-Step, Alpecin-Deceuninck e Visma-Lease a Bike historicamente montam esquadrões poderosos para as cobbles. Recentemente, UAE Team Emirates e Lidl-Trek também passaram a investir pesadamente nesse perfil de corredor.
5. Como um corredor pode sair de um contrato vigente?
Sair de contrato vigente é complexo e geralmente requer pagamento de cláusula de rescisão pela equipe interessada. O caso de Remco Evenepoel em 2025 exemplifica isso – ele tinha contrato com a Soudal Quick-Step até 2026, mas a Red Bull-Bora-hansgrohe pagou para liberá-lo um ano antes. Essas negociações envolvem valores milionários e podem se estender por meses.
6. O que acontece com corredores cujas equipes fecham?
Quando uma equipe encerra atividades, todos os contratos são automaticamente rescindidos e os corredores ficam livres para negociar com qualquer outra equipe. Isso geralmente causa tumulto no mercado, pois múltiplos atletas ficam disponíveis simultaneamente. A UCI estabelece prazos especiais para esses casos garantindo que os corredores encontrem novas equipes.
7. Existe período de adaptação quando um corredor muda de equipe?
Sim, a adaptação pode levar semanas ou até meses. O corredor precisa se familiarizar com novo material (bicicleta, equipamentos), nova dinâmica de equipe, diferentes estratégias táticas e nova equipe técnica. Por isso, muitas transferências impactantes acontecem ao final do ano, dando tempo para integração durante a pré-temporada.
8. Como funcionam as cláusulas de performance nos contratos?
Contratos modernos frequentemente incluem bônus por performance – valores adicionais pagos quando o corredor alcança objetivos específicos como vitórias em Monumentos, etapas de Grand Tour, ou classificações no top 10 de provas importantes. Alguns contratos também têm cláusulas de renovação automática caso determinados resultados sejam atingidos.
9. Corredores podem negociar com múltiplas equipes simultaneamente?
Sim, desde que não tenham contrato vigente ou estejam no último ano de contrato dentro da janela de transferências. É comum que corredores e seus agentes negociem com várias equipes para conseguir melhor oferta. No entanto, assinar pré-contrato com equipe enquanto sob contrato com outra pode gerar complicações legais.
10. Qual o papel dos agentes nas transferências do ciclismo?
Agentes são fundamentais nas negociações modernas. Eles representam os interesses dos corredores, negociam contratos, cuidam de aspectos legais e financeiros, e às vezes até gerenciam a imagem pública do atleta. Bons agentes podem fazer enorme diferença no valor e condições de um contrato, especialmente para corredores que não têm experiência em negociações complexas.
11. As transferências afetam o desempenho dos corredores?
Pode haver impacto positivo ou negativo. Alguns corredores florescem em novo ambiente, motivados por desafios frescos e melhor adequação tática. Outros sofrem com mudança de rotina, perda de companheiros de equipe estabelecidos, ou dificuldade em se adaptar a novo material. Estudos mostram que a primeira temporada após transferência grande tende a ser de transição.
12. Como as equipes decidem em quais corredores investir?
A decisão envolve análise complexa de dados de desempenho, potencial de marketing, adequação ao planejamento tático da equipe, orçamento disponível e objetivos de corrida. Equipes modernas usam ciência de dados extensivamente, analisando watts de potência, resultados históricos, biomecânica e até fatores psicológicos antes de fazer ofertas milionárias.

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