A temporada de 2025 do WorldTour Feminino entrou para a história como uma das mais equilibradas e competitivas de todos os tempos. Pela primeira vez em cinco anos, testemunhamos uma verdadeira mudança de poder no topo do ranking mundial, com várias equipes brigando palmo a palmo pelas principais conquistas do calendário internacional.
O domínio quase absoluto que caracterizava o pelotão feminino nos últimos anos deu lugar a um cenário muito mais democrático e imprevisível. As três Grandes Voltas femininas foram conquistadas por equipes diferentes, e títulos importantes foram distribuídos entre diversos conjuntos, provando que o investimento crescente no ciclismo feminino está finalmente rendendo frutos em termos de competitividade.
Índice do Conteúdo – Ranking Completo das Equipes do WorldTour Feminino 2025
A Revolução no Topo: FDJ-SUEZ Quebra Hegemonia Holandesa
A maior surpresa e ao mesmo tempo confirmação da nova era do ciclismo feminino veio com a FDJ-SUEZ conquistando o primeiro lugar no ranking da UCI pela primeira vez em sua história. A equipe francesa acumulou impressionantes 12.490,51 pontos ao longo da temporada, destronando a poderosa SD Worx-Protime, que terminou em segundo lugar com 11.115,13 pontos.
A contratação estratégica de Demi Vollering foi o catalisador dessa transformação histórica. A ciclista holandesa, que deixou a SD Worx-Protime em uma transferência que abalou o pelotão, respondeu à altura das expectativas e terminou como a ciclista número um do mundo no ranking individual. Vollering sozinha conquistou mais de um terço de todos os pontos da equipe francesa, demonstrando seu valor inquestionável.
Mas o sucesso da FDJ-SUEZ não foi obra de uma única atleta. Elise Chabbey, Juliette Labous e Ally Wollaston tiveram contribuições fundamentais ao longo do ano, provando que a equipe francesa construiu um plantel verdadeiramente competitivo em todas as frentes. O orçamento da equipe, que cresceu de aproximadamente 400 mil euros antes de 2020 para mais de 4 milhões de euros em 2025, reflete o compromisso de longo prazo com o desenvolvimento do ciclismo feminino.
SD Worx-Protime: O Fim de Uma Era, Mas Não do Domínio
Embora tenha perdido o primeiro lugar pela primeira vez desde 2020, a SD Worx-Protime permaneceu como uma força impressionante no pelotão. A equipe holandesa conseguiu 64 vitórias na temporada anterior e manteve números extraordinários em 2025, mesmo com a saída de sua principal estrela.
O grande destaque foi Lorena Wiebes, que conquistou impressionantes 25 vitórias individuais ao longo do ano, estabelecendo-se como a velocista mais dominante do circuito. Wiebes sozinha foi responsável por quase 40% de todos os pontos conquistados pela equipe, demonstrando que mesmo sem Vollering, a SD Worx-Protime mantém um plantel invejável.
A campeã mundial Lotte Kopecky também contribuiu significativamente, assim como Mischa Bredewold e a lendária Anna van der Breggen, que retornou às competições após se aposentar em 2021. Van der Breggen voltou especificamente para disputar o Tour de France Femmes, adicionando ainda mais profundidade ao já talentoso elenco holandês.
UAE Team ADQ: O Novo Poder das Arábias no Ciclismo Feminino
Completando o pódio do ranking de equipes, a UAE Team ADQ consolidou-se como uma das grandes potências do ciclismo feminino mundial. A equipe árabe fez um investimento estratégico ao contratar Elisa Longo Borghini, e a italiana respondeu conquistando seu segundo título consecutivo no Giro d’Italia Women.
Longo Borghini provou seu valor nas montanhas da Itália, superando rivais de peso como Marlen Reusser (Movistar) e demonstrando consistência em todas as etapas decisivas. A vitória no Giro consolidou a UAE Team ADQ como uma força emergente capaz de disputar os principais títulos do calendário.
Movistar: Renascimento com Marlen Reusser
A Movistar viveu uma temporada de transformação com a chegada de Marlen Reusser da SD Worx-Protime. A suíça emergiu como uma das principais rivais de Demi Vollering nas classificações gerais, conquistando o segundo lugar tanto no Giro d’Italia quanto na Vuelta Femenina.
Reusser também brilhou nos contrarrelógios, conquistando títulos nos Campeonatos Mundial e Europeu contra o relógio. Com Liane Lippert recuperada de lesões, Olivia Baril, Arlenis Sierra e a revelação Mareille Meijering, a Movistar montou um plantel equilibrado e competitivo.
A grande aposta para o futuro é Cat Ferguson, a talento júnior mais excitante do momento. Aos 18 anos, Ferguson já venceu em nível sênior e, embora siga um programa conservador em sua estreia no WorldTour, certamente competirá para vencer em algumas das corridas em que participar.
Lidl-Trek: Solidez e Juventude em Ascensão
A Lidl-Trek manteve-se como uma das equipes mais sólidas do pelotão, mesmo perdendo Elisa Longo Borghini para a UAE Team ADQ. Em Elisa Balsamo, a equipe tem uma velocista de primeira linha capaz de rivalizar com Lotte Kopecky e Lorena Wiebes quando em sua melhor forma.
Balsamo conquistou vitórias importantes como o Trofeo Alfredo Binda e segundos lugares em Gent-Wevelgem e Paris-Roubaix, provando que continua entre as melhores velocistas do mundo. A italiana está próxima de conquistar uma vitória de etapa no Tour de France Femmes, onde tem sido consistentemente competitiva.
A equipe também conta com jovens talentos em ascensão: Gaia Realini, de 23 anos, e Shirin van Anrooij, de 22 anos, ainda têm muito a oferecer. Van Anrooij consistentemente termina no top 5 em corridas de um dia, enquanto Realini finalizou no pódio do Giro d’Italia Women, La Vuelta Femenina e Tour de Romandie.
O ano de 2025 também marca a temporada final da lendária Lizzie Deignan, ex-campeã mundial que agora atua em papel de capitã de estrada, transmitindo sua vasta experiência para as jovens do plantel.
Canyon-SRAM: Consistência e Determinação
A Canyon-SRAM teve uma temporada sólida, com a campeã defensora do Tour de France Femmes, Kasia Niewiadoma, focando exclusivamente na preparação para defender seu título. A polonesa optou por não disputar o Giro d’Italia, concentrando-se em acampamentos de altitude e reconhecimento das principais etapas de montanha.
A equipe alemã também conta com Chloe Dygert, Chiara Consonni e Cecilie Uttrup Ludwig, que chegou da FDJ-SUEZ. Embora algumas dessas estrelas tenham lutado para encontrar sua melhor forma em 2025, a equipe manteve sua competitividade com um total de 15 vitórias na temporada, o maior número desde 2019.
Visma-Lease a Bike: Nova Era com Pauline Ferrand-Prévot
A Visma-Lease a Bike fez um movimento audacioso ao contratar a campeã olímpica de mountain bike Pauline Ferrand-Prévot. A francesa, que possui 32 anos, não disputava um calendário completo de estrada desde 2018 e sua última Grande Volta foi o Giro d’Italia de 2015.
A aposta se mostrou acertada quando Ferrand-Prévot conquistou vitórias consecutivas nas etapas de montanha do Tour de France Femmes, incluindo a rainha da corrida no Col de la Madeleine, e garantiu a vitória geral histórica com chegada em Châtel. Sua performance demonstrou que, mesmo após anos focada no MTB, ela mantém qualidades excepcionais para o ciclismo de estrada.
A veterana Marianne Vos continua sendo uma figura fundamental na equipe, que expandiu seu plantel de 16 para 18 corredoras. A compatriota de Ferrand-Prévot, Marion Bunel, também se juntou à equipe para reforçar as opções nas montanhas.
AG Insurance-Soudal: Revelação Australiana Impressiona
Difícil acreditar que a AG Insurance-Soudal subiu para o WorldTour apenas no início de 2024. A equipe belga teve uma temporada ainda mais impressionante em 2025, com destaque absoluto para a australiana Sarah Gigante.
Gigante conquistou duas vitórias de etapa no Giro d’Italia Women, finalizou em terceiro lugar na classificação geral e levou a camisa de melhor escaladora. Sua performance é ainda mais notável considerando tudo pelo que a ciclista passou desde o início de sua carreira profissional.
A equipe também teve Kim Le Court-Pienaar vestindo o maillot jaune no Tour de France Femmes após vencer a quinta etapa. A mauriciana, que havia conquistado a Liège-Bastogne-Liège anteriormente, mostrou seu valor nas clássicas e nas grandes voltas.
Fenix-Deceuninck: Versatilidade e Crescimento Constante
A Fenix-Deceuninck mantém sua fórmula vencedora com um elenco equilibrado e versátil. Puck Pieterse, campeã mundial de mountain bike, continua evoluindo como ciclista de estrada, conquistando vitória na Flèche Wallonne e pódios em Liège-Bastogne-Liège e Amstel Gold Race.
A dupla de escaladoras formada por Yara Kastelijn e Pauliena Rooijakkers garantiu resultados consistentes nas classificações gerais. Kastelijn subiu ao pódio no Tour de Romandie e Vuelta a Burgos, enquanto Rooijakkers garantiu seu segundo quarto lugar consecutivo no Giro d’Italia Women.
A equipe conquistou apenas cinco vitórias ao longo do ano, mas sua consistência em cruzar a linha de chegada entre os primeiros colocados garante pontos valiosos no ranking da UCI. Com apenas uma nova contratação para 2025, movendo Xaydee Van Sinaey da equipe de desenvolvimento, a Fenix-Deceuninck demonstra confiança em sua estrutura atual.
Equipes em Luta pela Permanência no WorldTour
A temporada de 2025 marcou o fim do ciclo de promoção e rebaixamento de dois anos do WorldTour Feminino. Apenas as equipes com classificação suficiente no final da temporada 2024-2025 serão elegíveis para licença WorldTour no período 2026-2027.
A EF Education-Oatly, competindo como ProTeam, fez o suficiente para garantir uma vaga no WorldTour, terminando em 11º lugar após duas temporadas de crescimento consistente. Por outro lado, a Ceratizit-WNT enfrenta dificuldades e está programada para encerrar suas atividades após não conseguir encontrar novos patrocinadores principais.
A equipe Roland Le Dévoluy foi rebaixada do WorldTour após terminar em 18º lugar nos rankings. A equipe conseguiu apenas quatro vitórias, todas em El Salvador e nenhuma acima do nível 2.1, com apenas um top 10 em corrida de etapas WorldTour através do pódio de Tamara Dronova-Balabolina no Tour of Chongming Island.
A Human Powered Health permanece na parte inferior do WorldTour, encontrando dificuldades para conquistar vitórias. Conseguiram apenas duas vitórias na temporada, e seus melhores resultados vieram de Barbara Malcotti em corridas de etapas, notavelmente top 10 gerais no Giro d’Italia, UAE Tour e Vuelta a Burgos.
A Uno-X Mobility, formada quase inteiramente por corredoras escandinavas, luta contra o rebaixamento mas tem brilhos de esperança. Mie Bjørndal Ottestad conquistou vitória em casa no Tour of Norway e na segunda etapa da Vuelta a Burgos Feminas. Maria Giulia Confalonieri terminou em sexto lugar em Paris-Roubaix Femmes, o melhor resultado da equipe em um Monumento em 2025.
Picnic-PostNL: Queda Acentuada de uma Potência
Uma das histórias mais tristes da temporada foi o declínio da Picnic-PostNL (anteriormente conhecida como Team DSM e Team Sunweb). Após acumular 28 vitórias em 2022 e 19 em 2023, a equipe conseguiu apenas números de um dígito desde então, e 2025 foi um de seus piores anos.
Apenas duas vitórias chegaram para a equipe: a vitória de sprint de Charlotte Kool (agora transferida) na primeira etapa do Baloise Ladies Tour, e Mara Roldan conquistando a única vitória WorldTour da equipe na segunda etapa do Tour of Britain Women, antes de seu acidente grave.
O Futuro do WorldTour Feminino
A temporada de 2025 provou definitivamente que o ciclismo feminino entrou em uma nova era de competitividade equilibrada. Pela primeira vez em anos, o equilíbrio de poder no topo do esporte parece genuinamente aberto, com várias equipes possuindo corredoras capazes de vencer Grandes Voltas e Clássicas de Primavera.
O crescimento dos orçamentos, a profissionalização crescente das equipes e a distribuição mais equitativa de talentos pelo pelotão prometem temporadas ainda mais emocionantes nos próximos anos. Com equipes como FDJ-SUEZ, UAE Team ADQ e Movistar desafiando a hegemonia histórica das equipes holandesas, o futuro do ciclismo feminino nunca pareceu tão promissor.
A partir de 2026, a UCI aumentará os pontos de ranking para corridas de etapas de uma semana e monumentos em comparação com outras corridas de etapas ou de um dia, refletindo a importância crescente dessas competições no calendário feminino. Essa mudança deve incentivar ainda mais investimento e desenvolvimento no esporte.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre o WorldTour Feminino 2025
1. Qual equipe venceu o ranking do WorldTour Feminino em 2025?
A FDJ-SUEZ conquistou o primeiro lugar no ranking da UCI em 2025, acumulando 12.490,51 pontos e quebrando a sequência de cinco anos de domínio da SD Worx-Protime. Esta foi a primeira vez na história que a equipe francesa alcançou o topo do ranking mundial.
2. Quem foi a ciclista número um do mundo em 2025?
Demi Vollering terminou como a ciclista número um no ranking individual da UCI em 2025. A holandesa, que se transferiu da SD Worx-Protime para a FDJ-SUEZ, teve uma temporada excepcional conquistando múltiplas vitórias em corridas de etapas, incluindo a Vuelta Femenina, além do vice-campeonato no Tour de France Femmes.
3. Quantas equipes competem no WorldTour Feminino?
Em 2025, o WorldTour Feminino contou com 15 equipes WorldTeams, que são automaticamente convidadas para todos os eventos. Adicionalmente, as duas melhores ProTeams do ranking da UCI (EF Education-Oatly e VolkerWessels Women Cyclingteam) também recebem convites automáticos. Outras ProTeams e equipes continentais podem ser convidadas pelos organizadores de cada corrida.
4. O que aconteceu com o sistema de promoção e rebaixamento?
A temporada de 2025 marcou o fim do ciclo de promoção e rebaixamento de dois anos. Apenas as equipes com classificação suficiente ao final do período 2024-2025 são elegíveis para licença WorldTour no ciclo 2026-2027. A EF Education-Oatly garantiu promoção ao WorldTour, enquanto a Roland Le Dévoluy foi rebaixada após terminar em 18º lugar.
5. Quem venceu o Tour de France Femmes em 2025?
Pauline Ferrand-Prévot, da Visma-Lease a Bike, conquistou a vitória geral do Tour de France Femmes em 2025 de forma histórica. A francesa dominou as etapas de montanha, incluindo a rainha da corrida no Col de la Madeleine, e garantiu o título com vitórias consecutivas nas etapas finais, culminando com a chegada em Châtel.
6. Quantas corridas compõem o calendário do WorldTour Feminino?
O calendário do WorldTour Feminino em 2025 apresentou 27 eventos, incluindo três Grandes Voltas (La Vuelta Femenina, Giro d’Italia Women e Tour de France Femmes), cinco Monumentos (Milano-Sanremo, Ronde van Vlaanderen, Paris-Roubaix, Liège-Bastogne-Liège e Il Lombardia), além de outras corridas de etapas e clássicas de um dia distribuídas por Europa, Ásia e Oceania.
7. Qual foi o salário mínimo para ciclistas do WorldTour em 2025?
O salário mínimo para ciclistas de equipes WorldTour aumentou para mais de 30.000 euros em 2025, refletindo o crescimento da profissionalização do esporte. Além disso, as equipes são obrigadas a fornecer seguro adequado e direitos trabalhistas incluindo licença maternidade para suas atletas.
8. Ainda existem camisas de liderança no WorldTour Feminino?
Não. A partir de 2025, o WorldTour deixou de ser uma competição de ranking por si só. As camisas distintivas para líderes das classificações individual elite e juventude (burgundy e azul claro, respectivamente) não são mais utilizadas. Os pontos agora vão exclusivamente para o Ranking Mundial da UCI, que inclui pontos conquistados em corridas fora do WorldTour.
9. Quem foi a velocista mais vencedora de 2025?
Lorena Wiebes, da SD Worx-Protime, foi a velocista mais dominante com impressionantes 25 vitórias individuais ao longo da temporada. A holandesa foi responsável por quase 40% de todos os pontos conquistados por sua equipe, consolidando-se como a principal sprinter do pelotão feminino atual.
10. Quais mudanças estão previstas para o WorldTour Feminino em 2026?
A partir de 2026, a UCI implementará um novo sistema de pontuação que concederá mais pontos de ranking para corridas de etapas de uma semana e Monumentos em comparação com outras corridas de etapas ou de um dia. Essa mudança visa refletir melhor a importância dessas competições de prestígio no calendário e incentivar investimento adicional no desenvolvimento do ciclismo feminino.
Além disso, o Giro d’Italia Women será movido para o final de maio pela primeira vez em sua história de quase quatro décadas, criando um calendário mais equilibrado e dando mais tempo de preparação entre as Grandes Voltas.

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