A fabricante taiwanesa Merida acaba de apresentar oficialmente a Mission, sua mais nova bicicleta voltada para o universo gravel racing e pedaladas em múltiplas superfícies. Posicionada estrategicamente entre a linha Scultura (endurance road) e a Silex (gravel adventure), a Mission chega com uma proposta clara: ser rápida em qualquer terreno que você escolher pedalar.
Uma Bike Pensada Para o Gravel Estilo Europeu
A Merida desenvolveu a Mission tendo em mente as corridas gravel ao estilo europeu – aquelas provas velozes em terrenos mistos que exigem tanto agilidade quanto estabilidade. A marca promete que conseguiu criar o equilíbrio perfeito entre velocidade e controle, combinando precisão na direção com recursos aerodinâmicos e uma boa dose de conforto para enfrentar longas distâncias em terrenos variados.

Diferente de muitas concorrentes que oferecem várias opções de quadro, a Mission está disponível apenas com quadro em fibra de carbono CF4. Isso significa que todos os cinco níveis de especificação compartilham o mesmo quadro de alta qualidade, variando apenas nos grupos de transmissão e componentes. Se você estava na expectativa de uma versão em alumínio mais acessível, vai ter que procurar em outra linha da Merida.
Quadro CF4: Leveza Sem Abrir Mão da Resistência
O quadro CF4 pesa apenas 1.100 gramas, enquanto o garfo complementa com 500 gramas na balança. Para quem gosta de números, isso representa um conjunto bastante competitivo no segmento gravel racing. A construção em carbono de alta qualidade garante rigidez nas transferências de potência sem sacrificar o conforto necessário para rodar em estradas de terra, cascalho e pavimento irregular.

A largura máxima de pneu aceita é de 40mm, o que permite usar tanto pneus gravel de competição quanto pneus road mais largos. Esse limite é proposital – a Merida focou em performance e velocidade, deixando as aventuras com pneus mais largos para a linha Silex. Uma característica interessante é que você pode instalar para-lamas com pneus de até 35mm, tornando a Mission uma opção viável para treinos de inverno em condições adversas.
Compatibilidade UDH: Flexibilidade na Escolha dos Componentes

A Mission adota o padrão UDH (Universal Derailleur Hanger), desenvolvido pela SRAM. Isso significa que você pode instalar facilmente os câmbios traseiros SRAM que seguem esse padrão, ou com o uso de um adaptador, também consegue montar grupos Shimano ou qualquer sistema que use a fixação tradicional de câmbio. Essa compatibilidade estendida é uma vantagem real, especialmente se você quiser experimentar diferentes configurações ou até mesmo montar um drivetrain de mountain bike ou mullet.
Sistema G.U.T.: Armazenamento Inteligente no Downtube
Uma das características mais interessantes da Mission é o compartimento de armazenamento integrado no tubo diagonal, batizado pela Merida de G.U.T. – que em alemão significa “bom”, mas aqui é a sigla para “Gear, Useful Things” (equipamentos, coisas úteis). O acesso ao compartimento é feito através de uma tampa Fidlock, aquele sistema magnético super prático que permite abrir e fechar com uma mão só.

Esse compartimento foi pensado para guardar câmaras de ar, ferramentas, chaves multifunção e outros itens essenciais. A grande vantagem de manter essas coisas dentro do quadro é dupla: primeiro, o peso fica baixo e centralizado, melhorando a estabilidade da bike; segundo, tudo fica protegido da lama e da água que inevitavelmente aparecem nas pedaladas gravel.
Embora a Mission não seja posicionada como uma bike de bikepacking (essa função fica com a Silex), ela ainda oferece três pontos de fixação para garrafas. O terceiro ponto fica embaixo do tubo superior traseiro, permitindo carregar água ou equipamentos extras em provas e treinos longos. A Merida optou por não colocar pontos de fixação no garfo – uma escolha consciente para manter o foco em velocidade e leveza.
Aerodinâmica: Cada Detalhe Conta
Os perfis aerodinâmicos dos tubos do quadro foram cuidadosamente desenvolvidos para reduzir o arrasto. No ciclismo gravel, onde as velocidades podem variar bastante e você frequentemente enfrenta ventos laterais em terrenos abertos, cada ganho aerodinâmico faz diferença.

Nos modelos topo de linha (7000, 9000 e 10K), a Mission vem equipada com o cockpit monopeça Team SL GR1P em carbono, que também foi projetado com perfil aerodinâmico. As curvas flare (abertura nas pontas) ajudam no controle em terrenos técnicos off-road. Todo o cabeamento é completamente interno, mantendo a estética limpa e melhorando ainda mais a aerodinâmica.
Geometria: Pilotagem Ágil e Confiante
Quando comparada com a Silex, a geometria da Mission é visivelmente mais compacta e agressiva. Os stays traseiros são 11mm mais curtos no tamanho M, as medidas de stack e reach também são reduzidas, assim como a distância entre-eixos. O movimento central fica mais baixo em relação ao solo.

Essas escolhas de geometria criam uma sensação de pilotar “dentro” da bike em vez de “sobre” ela. O resultado? Handling mais nervoso, acelerações mais explosivas e uma resposta mais ágil nas curvas. A Mission foi projetada para quem quer ganhar corridas gravel, não para quem planeja atravessar continentes com bagagens pesadas.
Mesmo com essa característica racing, a estabilidade off-road não foi comprometida. A geometria ainda proporciona confiança suficiente para atacar descidas técnicas e trechos irregulares com segurança, mantendo o controle da bike mesmo quando as coisas ficam mais selvagens.
Linha Completa: Cinco Modelos Para Diferentes Orçamentos
A Merida Mission 2026 chega ao mercado com cinco configurações distintas, todas compartilhando o mesmo excelente quadro CF4 mas variando nos grupos de transmissão e componentes:
Mission 4000 – R$ 2.250 (£2,250)
O modelo de entrada vem equipado com grupo Shimano GRX 400 2x mecânico e rodas de alumínio Shimano WH-RX-180. É a porta de entrada mais acessível para quem quer experimentar uma gravel racing de alto nível sem gastar uma fortuna.
Mission 6000 – R$ 3.400 (£3,400)
Esta versão traz o grupo SRAM Rival XPLR 13-speed (transmissão 1×13 velocidades) e rodas de alumínio DT Swiss 1800. Uma excelente escolha para quem prefere a simplicidade e leveza do sistema monocoroa.
Mission 7000 – R$ 4.600 (£4,600)
Retorna à configuração 2x com o grupo Shimano GRX Di2 2×12-speed eletrônico e rodas de carbono Reynolds ATR. A troca de marchas eletrônica faz toda diferença em terrenos técnicos onde você precisa de precisão total.
Mission 9000 – R$ 5.000 (£5,000)
Equipada com grupo SRAM Force XPLR 13-speed com medidor de potência integrado, este modelo é ideal para ciclistas que levam o treinamento a sério e querem dados precisos de performance.
Mission 10K – R$ 7.000 (£7,000)
O topo de linha absoluto vem com grupo SRAM Red XPLR 13-speed com powermeter, cockpit monopeça MERIDA TEAM SL GR1P em carbono e as impressionantes rodas Zipp 303 XPLR SW em carbono (com 32mm de largura interna e 54mm de profundidade de aro). Com peso total de apenas 7,6 kg, esta é uma máquina de corrida genuína.
Design e Cores: Elegância Sobre Duas Rodas
A Merida caprichou na pintura da Mission. O azul profundo da bike apresentada oficialmente é simplesmente deslumbrante, e a pintura especial usada na bike do corredor Matej Mohorič no Campeonato Mundial de Gravel também chamou muita atenção. A fabricante ainda não divulgou todas as opções de cores disponíveis para cada modelo, mas promete mais novidades em breve.
Comparações e Contexto no Mercado
No cenário atual do gravel, a Mission se posiciona como uma alternativa focada em performance a outras bikes conhecidas do segmento. Enquanto modelos como a Specialized Diverge e a Trek Checkpoint também buscam esse equilíbrio entre velocidade e versatilidade, a Merida apostou forte no armazenamento integrado como diferencial.
O sistema G.U.T. de armazenamento no downtube é comparável ao que vemos em bikes como a Canyon Grizl, mas com foco maior em aerodinâmica e menos em capacidade de carga para bikepacking extremo.
Para Quem É a Mission?
A Merida Mission foi claramente desenhada para o ciclista que:
- Busca performance em primeiro lugar, seja em provas gravel ou treinos intensos
- Quer uma bike que vá bem tanto no asfalto quanto em estradas de terra
- Valoriza aerodinâmica e leveza sem abrir mão de alguma versatilidade
- Participa ou pretende participar de competições gravel
- Aprecia soluções inteligentes como o armazenamento integrado
- Não precisa de uma bike para viagens longas com muita bagagem
Se o seu objetivo é fazer bikepacking com alforjes e bagagens pesadas, a linha Silex da própria Merida seria uma escolha mais adequada. A Mission é para quem quer voar em terrenos mistos, não para quem quer viajar por eles.
Considerações Finais
A nova Merida Mission 2026 representa uma proposta bem definida no mercado gravel cada vez mais competitivo. Com seu quadro de carbono CF4, sistema de armazenamento integrado G.U.T., geometria racing e cinco opções de especificação cobrindo uma ampla faixa de preços, a Mission atende desde o ciclista que está entrando no gravel racing até o competidor experiente que busca cada vantagem possível.
O foco em velocidade e aerodinâmica, combinado com a versatilidade necessária para enfrentar diversos terrenos, faz da Mission uma opção interessante para quem leva o gravel a sério mas ainda quer uma bike que possa usar em treinos de estrada sem perder muito desempenho.
Para mais informações sobre as melhores bicicletas gravel do mercado, confira também nossos reviews e guias de compra aqui no Ciclismo Pelo Mundo. E se você está buscando entender mais sobre grupos de transmissão, temos artigos completos sobre SRAM XPLR e Shimano GRX.
A Merida Mission estará disponível para compra a partir do início de 2026, e certamente vai balançar o mercado gravel com sua combinação de performance, tecnologia e preço competitivo. Fique ligado aqui no site para mais novidades e primeiras impressões assim que tivermos a chance de pedalar com esta nova promessa das estradas de terra.

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