A Agência Mundial Antidoping (WADA) acaba de anunciar uma das mudanças mais significativas em sua lista de substâncias e métodos proibidos para 2026. A principal novidade é a inclusão do uso não diagnóstico de monóxido de carbono como método proibido, enquanto as cetonas, que vinham sendo debatidas há anos, continuam de fora da lista.
Índice do Conteúdo – Métodos Proibidos para 2026
Monóxido de Carbono: O Novo Vilão do Pelotão
A decisão da AMA não é aleatória. Desde fevereiro de 2024, a União Ciclista Internacional (UCI) já havia aprovado a proibição da inalação de monóxido de carbono após detectar seu uso fraudulento por alguns ciclistas. A substância tem sido utilizada de maneira irregular para aumentar o rendimento esportivo, porém traz riscos gravíssimos à saúde dos atletas.
Carolina García, chefe do departamento de Prevenção da Comissão Espanhola Antidopagem, explicou a gravidade da situação: “O risco é muito grande, é uma substância por cuja inalação você pode morrer. Se inclui como método proibido quando seu uso não seja diagnóstico e o permitem quando seja diagnóstico.”
É importante ressaltar que o monóxido de carbono não é utilizado como tratamento médico, mas sim para medir a capacidade de difusão pulmonar e a massa total de hemoglobina. Por isso, a AMA permitirá seu uso exclusivamente para fins diagnósticos, mantendo a proibição total para qualquer outra finalidade.
Como o Monóxido de Carbono Afeta a Performance
A inalação de monóxido de carbono pode simular os efeitos do treinamento em altitude, induzindo um estado de hipóxia leve – ou seja, falta de oxigênio. Isso faz com que o corpo produza mais glóbulos vermelhos transportadores de oxigênio, uma resposta fisiológica extremamente valorizada em esportes de resistência como o ciclismo, onde o transporte de oxigênio impacta diretamente no desempenho.
Segundo relatos da Infobae, a inclusão dessa substância na lista se dá justamente pela possibilidade de aumentar a eritropoyese (produção de glóbulos vermelhos) sob certas condições, o que caracterizaria uma vantagem competitiva irregular.
E as Cetonas? Por Que Ficaram de Fora?
Uma das grandes surpresas da atualização da lista da AMA foi a ausência das cetonas. Apesar de terem sido desaconselhadas recentemente pela UCI por falta de evidência científica sobre seus possíveis benefícios, os suplementos de cetonas não entraram nem mesmo na relação de substâncias a serem monitoradas.
Carolina García esclareceu a questão: “O estado cetônico no corpo é normal. Quando você faz um jejum de muitas horas e o corpo não tem carboidratos ou açúcar dos quais tirar para produzir energia, o que faz é gerar energia através da gordura e isso gera corpos cetônicos.”
Embora um estudo de 2016 sugerisse que o consumo de cetonas antes e depois do exercício poderia aumentar o rendimento esportivo, em 2025 há consenso científico de que não existe sustento para afirmar que o consumo de cetonas aumenta o rendimento ou que possa ter um benefício depois de fazer exercício.
Para entender melhor sobre nutrição esportiva e suplementação, recomendamos a leitura do site oficial da WADA (Agência Mundial Antidopagem).
Outras Novidades na Lista de 2026
Além do monóxido de carbono, a lista atualizada da AMA para 2026 traz outras mudanças importantes:
- Anabolizantes: Foram adicionados os ésteres (compostos orgânicos) derivados de substâncias já proibidas
- Beta-agonistas: Mantém-se em 200 microgramas a dose máxima de salmeterol a cada 24 horas, mas estabelece um máximo de 100 microgramas em uma única inalação
- Dopagem genética: Inclusão do uso de componentes celulares
- Substâncias em vigilância: Continuam sendo monitorados estimulantes como cafeína, nicotina e codeína, com a adição da tirzepatida
Todas essas mudanças entrarão em vigor no dia 1º de janeiro de 2026, marcando uma nova era na luta contra o doping no esporte profissional.
O Impacto no Ciclismo Profissional
A decisão da AMA tem impacto direto no pelotão profissional. Equipes como Visma-Lease a Bike e UAE Team Emirates, que haviam sido citadas pela mídia especializada por utilizar técnicas de reinhalação de monóxido de carbono para monitorar os efeitos de suas concentrações em altitude, terão que abandonar completamente essas práticas.
Ciclistas de ponta como Tadej Pogačar e Jonas Vingegaard, que estavam entre os atletas cujas equipes utilizavam essa metodologia para fins diagnósticos em parceria com a empresa Detalo, precisarão encontrar alternativas para otimizar seus treinamentos em altitude.
A UCI (União Ciclista Internacional) já havia se antecipado a essa decisão, solicitando aos times que não tentassem buscar melhora de rendimento usando a inalação de monóxido de carbono, uma técnica que pode trazer graves riscos para a saúde, já que se trata de um gás tóxico para o organismo.
Rumo a um Ciclismo Mais Limpo
A inclusão do monóxido de carbono na lista de métodos proibidos da AMA representa mais um passo importante na busca por um esporte mais limpo e justo. Ao mesmo tempo, a decisão de não incluir as cetonas demonstra uma abordagem baseada em evidências científicas sólidas, evitando proibições desnecessárias.
Para os ciclistas e equipes profissionais, 2026 será um ano de adaptação às novas regras. O mais importante é que essas mudanças visam proteger a saúde dos atletas e garantir competições cada vez mais equilibradas e transparentes.
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